Como se não bastasse o prémio ignóbel da Bimby, quase me ia habilitando a um prémio ignóbel da jardinagem. Em termos de inconseguimentos, tem sido uma semana em cheio!
O seguinte: fui dar umas voltas nos vasos da varanda, e descobri que em vários deles havia umas larvas repulsivas, gordas, nojentas, com cerca de 2 cm. Em cada vaso, dezenas e dezenas dessas bichas repugnantes.
Enojadíssima, ia deitar tudo fora - larvas, terra, vaso e se pudesse até a varanda.
Mas depois reparei na terra lindíssima em que se moviam. Nunca em nenhum saco de terra dos que tenho comprado, por mais caro que seja, encontrei terra tão perfeita, Fui consultar a internet ("larvas nojentas de cerca de 2 cm e muito gordas") e descobri que estes bichos, chamados Engerlinge, podem ser um azar enorme, ou a sorte grande e mais a terminação.
Sim, sendo muito parecidas, umas são nocivas e outras são fantásticas. Umas comem as raízes das plantas vivas (Melolonthinae, por exemplo); outras (Cetoniidae) alimentam-se apenas do material orgânico morto, e transformam-no em húmus. Para as distinguir, basta pô-las numa superfície lisa: as larvas más avançam com a ajuda das patas, ou então arqueando o corpo deitadas de lado. As boas avançam sobre as costas.
Facílimo, certo? Excepto as minhas, que pareciam estar a atravessar uma grave crise de identidade: primeiro avançavam com as patas, depois faziam mais uns milímetros de lado, e finalmente davam de frosques de costas. Em caso de dúvida, recorri à prova dos nove: a terra dos vasos. E concluí que me calhou a sorte grande e a terminação.
Mas, no início da aventura, esta vossa artista - alerta medalha de ouro do ignóbel da jardinagem! - estava prestes a deitar fora as simpáticas colaboradoras, para mais de uma espécie protegida - alerta medalha de ouro do ignóbel da Quercus! -, e dezenas de quilos de húmus do bom e do melhor.
Dá Deus as larvas...