Agora que assinalámos um ano da Síria sem guerra civil, partilho um vídeo muito informativo sobre como se chegou àquela tragédia.
... sobre o que nos desaquieta
Agora que assinalámos um ano da Síria sem guerra civil, partilho um vídeo muito informativo sobre como se chegou àquela tragédia.
Depois de longa ausência, voltei ao Largo. O tema desta semana é "dança", e "dança" lembra-me muitas vezes um poema de Santo Agostinho, que termina mais ou menos assim:
Oh, gentes,
aprendei a dançar!
Caso contrário
no céu os anjos
não saberão
o que fazer convosco.
Obrigada, Santo Agostinho, pela imagem tão feliz para uma ideia da Eternidade: dançar com os anjos!
Mais ainda: dançar como preparação para a Eternidade é uma bela maneira de atravessar a vida. Porque, como diz o poema,
(e desde já peço desculpa pela tradução a partir de uma versão alemã)
Eu louvo a dança
que tudo exige e estimula
saúde, mente clara,
uma alma leve.
Dança é transformação
do espaço, do tempo, do ser humano
sempre em risco de se fragmentar:
cérebro só, ou vontade, ou emoção.
A dança, contudo,
chama o ser inteiro
ancorado no seu centro.
Esse que não está possuído
pelo desejo de seres e coisas
e pelos demónios
da solidão interior.
A dança pede o homem livre
vibrando no equilíbrio
de todas as forças.
Eu louvo a dança.
Oh, gentes,
aprendei a dançar!
Caso contrário
no céu os anjos
não saberão
o que fazer convosco.
E agora que falei da vida e do seu depois, acrescento também uma imagem dilacerante de luto que não me sai da cabeça desde que comecei a pensar no que gostaria de escrever sobre o tema "dança":
Eis o homem que se despede da sua amada, dançando de mão dada com a sua ausência.
----
Mais dançarinas no Largo:
A Curva
A Gata Christie
Boas Intenções
Gralha dixit
O blog azul turquesa
Quinta da Cruz de Pedra
Esta imagem tão drástica fez-me pensar numas alminhas que havia mesmo ao lado da casa da minha avó. Não podia andar descansada na minha vida, que me apareciam aquelas almas do purgatório com um olhar lancinante a implorar nem sei bem o quê. Que rezasse por elas, ao menos.
E eu rezava, pois claro. Porque nos bons velhos tempos a solidariedade social ia para além das fronteiras da vida e da morte.
Deixem-me contar-vos do momento em que descobri que a lua cheia tem o poder de fazer sombras: aconteceu na minha cozinha de Weimar, que era num jardim de inverno com enormes paredes de vidro sobre o quintal, e havia neve.
Foi a neve: o luar brilhante desenhava as sombras das árvores nuas
no branco do chão, e eu fiquei ali encantada, na casa às escuras, sem saber o
que fazer com tanta beleza.
25 de...
Ontem, o telemóvel ouviu que estávamos a falar em comprar um pinheirinho de Natal como deve ser, com o seu aroma a floresta, e mais as velas de cera de abelha, e os pássaros de vidro checos, e tudo. É que vamos ter um convidado especial, directamente vindo da Trumpsilvânia(*), e queremos impressioná-lo e mostrar-lhe como tudo é lindo e aprazível aqui no nosso continente onde impera o comunismo. Mas não gostamos nada da ideia de comprar uma árvore para deitar fora logo a seguir (nós, os da seita do clima, somos assim).
Como ia dizendo: ontem, o telemóvel ouviu a conversa em português, e esta madrugada já me estava a informar em alemão que é possível comprar um abeto anão no vaso, com links e preços e tudo. Só cresce até 1,5 m, pode passar o ano todo na varanda, e no Natal vem para dentro de casa, e todos são felizes para sempre.
Agora, digam-me cá como devo reagir.
É que devia ficar chocada e aterrorizada por isto estar a acontecer, mas a verdade é que me sinto grata e muito tentada a aceitar a sugestão.
Será síndrome de Estocolmo?
[ pssst, ó telemóvel: se me dissesses onde arranjar mais pássaros de vidro com plumas na cauda, sem ter de ir ao mercado de Natal de Erfurt ali por volta de 2005, agradecidinha! ]
(*) o seu a seu dono: quem me dera ter inventado esta piadinha da Trumpsilvânia, mas não - ouvi-a à Nina Hagen, pouco depois de Trump ter ganho as eleições pela primeira vez.