Por causa de um artigo de opinião que apareceu recentemente no New York Times, onde alguém que dizia que Trump é horroroso mas havia que lhe fazer justiça no que diz respeito ao dinamismo e à energia com que está a impor o seu projecto político, lembrei-me de um texto que traduzi em tempos, sobre a velocidade vertiginosa de Hitler: bastaram dois meses para passar da Democracia que o elegeu à ditadura que perverteu o país, destruiu uma parte substancial da Europa, e cometeu um dos crimes mais horrendos da História da Humanidade.
O post onde traduzi esse resumo contém um conjunto de ideias sobre como lutar contra a instalação da extrema-direita (e pode ser lido aqui: "como lutar contra a extrema-direta").
Algumas dessas ideias foram entretanto postas em prática com enorme sucesso pelo partido Die Linke, que nas eleições federais mais recentes passou de um cenário de nem sequer conseguir representação no Parlamento para uns orgulhosos 8,8%, e 64 deputados (mais 25 que nas eleições anteriores). Na campanha eleitoral, o partido Die Linke foi o único que se concentrou teimosamente nas propostas que tem para o país, em vez de se deixar manipular pela agenda mediática da extrema-direita.
O que não está nesse texto, e devia ser uma prioridade, porque se trata de um perigo enorme para a Democracia: os eleitores (ou, na melhor das hipóteses, abstencionistas) que têm opiniões muito fortes sobre a falta de sentido da Democracia que temos. "Tudo uma merda", "mais do mesmo", "isto não tem conserto", "são todos iguais, Biden como Trump, esquerda ou direita, tudo farinha do mesmo saco".
Não sei como chegar ao coração e à razão de pessoas cuja auto-estima assenta justamente na certeza de que, elas sim!, já passaram o sistema pelo raio-X, já viram a podridão que o corrói, e já desistiram dele. Pessoas que acreditam firmemente na necessidade de destruir o que temos para recomeçar tudo a partir do zero.
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