07 outubro 2024

não podemos adiar mais

 

Ao longo deste período de 12 meses muito difíceis para Israel e especialmente tenebrosos em Gaza, no meio da mentira e da propaganda que nos fazem desconfiar de tudo e de todos, houve um momento de grande clareza: quando soldados israelitas mataram três reféns que tinham conseguido fugir ao Hamas e corriam para os seus compatriotas, em tronco nu, com uma bandeira branca, e a pedir ajuda em hebraico. Apesar da crueza das imagens de cidades destruídas e do pânico das pessoas, há muito quem duvide dos números de mortos e feridos em Gaza - mas não há como negar isto: um exército que pressente uma ameaça justamente na pessoa daqueles que vem libertar é um exército que não está capaz de agir com um mínimo de discernimento. O assassinato destes três reféns deita por terra a narrativa da autodefesa dentro dos limites do aceitável - e não sei como definir “aceitável” quando o campo de batalha é uma região urbana densamente povoada.
 
Neste 7 de Outubro de 2024, quando Israel já está a repetir no Líbano os ataques absolutamente desproporcionais contra a população civil de Gaza, e ameaça retaliar contra o Irão, que retaliou contra um ataque de Israel no Líbano, insisto na necessidade imperiosa de pôr fim à espiral de violência entre Israel e os seus inimigos.
Ou, nas palavras mais certeiras do papa Francisco: pôr fim à espiral de vingança.

A comunidade internacional tem de se unir em função de um único objectivo: a paz. Tem de ser o adulto na sala, para negociar e/ou impor o fim da guerra a todos os envolvidos, a imediata libertação dos reféns do Hamas e dos palestinianos presos em Israel sem julgamento, a criação a muito breve prazo de um estado palestiniano com as fronteiras de 1967, e o envio de capacetes azuis para garantir a segurança e a paz na região. Uma região sem exércitos ao serviço de extremistas, nem de um lado nem do outro.

Virá o dia em que falaremos das razões de cada um - e será um momento fundamental para alicerçar a paz. Mas a actual berraria que pretende impor a razão de uns contra a razão dos outros não tem outro efeito que não o de contribuir para uma tragédia ainda maior.

Insisto: temos de nos unir para impor um sistema que garanta a paz para todos os habitantes daquela região. A comunidade internacional já o devia ter feito na época da primeira intifada, ou antes, ou – o mais tardar – há exactamente um ano. Tem de ser agora. 

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