No post anterior falei do mistério das rosas todas iguais. Este filme mostra de forma muito clara o que se passou: alguém deixou junto ao tanque russo baldes cheios de rosas vermelhas, para o pessoal da manifestação do dia 25 de fevereiro.
A manifestação do 25 de fevereiro era a favor da paz. A do dia anterior, 24 de fevereiro, tinha sido contra a guerra. Não se manifestaram juntos no mesmo dia porque há uma diferença enorme entre uns e outros: os que se manifestam contra a guerra exigem que Putin retire os seus soldados e deixe imediatamente de atacar a Ucrânia; os que são pela paz, querem que a Ucrânia deixe de resistir à invasão.
E de onde vieram rosas vermelhas no valor de milhares de euros? Eu começaria por perguntar ao contabilista da embaixada russa. Às tantas, deu-lhes um ataque de Valentine's Day com um atraso de 10 dias.
O texto que acompanha este filme, e os comentários que lá deixaram, também não deixam dúvidas sobre o carácter "espontâneo" da acção: "Hurra! O nosso apelo para pousarem flores no tanque russo, que foi deixado em frente à embaixada russa em sinal de protesto, teve realmente a resposta de centenas de pessoas! Ontem, os que tentaram fazer isso foram impedidos. Hoje, a pressão foi demasiado grande. Vocês são impecáveis!!!"
Os outros filmes neste canal do youtube também não deixam dúvidas. Isto é trabalho profissional. Se calhar o contabilista da embaixada também teria uma palavrinha a dizer sobre isto...
16 comentários:
O maniqueísmo é lixado! Claro que o tanque ali exposto foi o resultado de uma manifestação espontânea do povo berlinense!!!
Não. O tanque ali exposto é uma acção de um grupo de activistas. A maioria do povo berlinense (e o conjunto dos alemães) aprova, porque condena - sem margem para dúvidas - a invasão da Ucrânia.
E porque fala em "maniqueísmo"? Vê a Rússia a invadir a Ucrânia, vê um ditador que tem mau perder a mandar destruir cidades, vê os milicianos e soldados de Putin a matar civis, violar mulheres, raptar crianças ucranianas para as mandar para projectos de reeducação na Rússia, e fala em "maniqueísmo"? As suas noções bastante de direitos humanos parecem-me bastante sui generis...
Que difícil isto tudo...
Será que algum dia teremos Paz sem vencedores e sem vencidos???
Que Paz é possível quando um país invade outro e destrói as casas onde vive a sua população?
Que Paz é possível, senão aquela que mostrar a todos os tiranos que ninguém pode invadir o país dos outros?
Serve também para Israel: que Paz é possível, quando o povo palestiniano é o único que paga o seu preço?
Lucy,
ainda estás aí?
Fiquei a pensar nessa paz sem vencedores nem vencidos.
Só é possível quando o agressor cai em si, e decide passar a ter uma atitude de respeito pelos outros. Se o exército e as milícias de Putin regressassem para dentro das fronteiras da Rússia, se Israel devolvesse a terra que tem roubado aos palestinianos. Não porque alguém os obrigasse, mas por perceberem que isso é que está certo.
A sua resposta ao meu comentário diz-me que não valerá a pena travar "dois dedos de conversa" consigo. E, tenho de confessar o meu espanto, pois, variadas vezes, visito o seu blog, com ganho. Contudo verifico que, como o "outro", de má memória, parece sufragar o princípio de que "se não és por mim, és contra mim.". E é aqui que entronca o seu maniqueísmo, quase fanático. De facto, embora não me conheça de lado nenhum, não resiste a lançar-me o anátema de não defender os direitos humanos. Sinais tristes dos tempos que se vive por este ocidente! Se eu fosse vesgo, e quisesse seguir o seu método de análise, poderia falar-lhe dos ucranianos do Donbass, também eles assassinados pelo fogo de Kiev. Ou da confissão da ex-chanceler alemã, secundada pelo ex-presidente francês, de que assinaram os acordos de Minsk sob reserva mental. Ou ainda do ex-primeiro ministro israelita que atribuiu aos EUA o fracasso das conversações de paz tidas em 2022, no início da guerra. Podia invocar a destruição dos gasodutos como um ato de guerra contra a Alemanha! Mas isso, como já disse, era se estivesse interessado em apoiar a guerra. Como não estou, porque quero a Paz, a minha luta resume-se a exigir ao meu governo e à UE que parem de fomentar a guerra, usando o povo ucraniano, e trabalhem numa saída diplomática para o diferendo, como deviam ter feito desde o início.
Tudo isso seriam temas muito interessantes para conversar, mas era antes de um país invadir outro. A partir do momento em que há uma invasão, torno-me "maniqueísta": o exército invasor tem de retirar imediatamente para dentro das fronteiras do seu país, e o invasor deve pagar o que destruiu. Sem mas nem meio mas.
Pois é...O que dizes é mesmo muito difícil que aconteça um dia mas talvez não completamente impossível... Utopia?
Lucy, quem começou a pedir coisas difíceis foste tu. ;)
Seria a Paz mais bela e mais limpa.
Penso que não a podemos esperar dos outros (e muito menos de um Putin, e muito menos agora, quando o que julgava ser um passeio até Kyiv se transformou num pesadelo que já dura há um ano) mas é algo que podemos tentar à dimensão mais pequena da nossa vida quotidiana. Dar o exemplo.
Pois é, cara Helena Araújo, afinal, parece que me enganei e até poderemos conversar um pouco! Se bem percebi, o seu "maniqueísmo" começa com a invasão em 24/2. A partir daí passou a olhar a realidade só de uma perspetiva, "sem mas nem meio mas", certo? Deixemos, pois, os antecedentes e passemos a alguns dos dos factos que se lhe seguiram:
1 - logo no 2º mês de guerra houve negociações entre as partes no sentido da resolução do conflito;
2 - segundo declarações públicas do ex-primeiro ministro israelita, tais negociações estavam bem encaminhadas e teriam sido os EUA a provocar a sua falência;
3 - nessa data o nº de mortos de ambos os lados seria bem menor do que hoje;
4 - e a destruição e sofrimento de todo aquele povo estava longe de atingir os níveis actuais;
Ou seja, parece legítimo aceitar que a intervenção dos EUA nas negociações não beneficiou em nada a Ucrânia, nem aplacou a animosidade da Rússia, bem pelo contrário.
Claro que é sempre possível imaginar uma futura vitória da Ucrânia, nos termos dos nossos desejos, sendo que tal justificaria tal intervenção! Aliás, é essa a narrativa de todos aqueles que entendem que devem continuar a injectar armamento no conflito.
E se essa vitória não acontecer, por impasse, ou ganho da Rússia?!!
Na sua análise tem em conta essa hipótese?! Ou nem lhe passa pela cabeça?!
E, se admite essa possibilidade, o que é que acha que vai acontecer a seguir. Que propostas tem para resolver a situação?! Acha que devemos ir à guerra, colocando as botas no terreno?! Na actual situação, e nas teses daqueles que, NO OCIDENTE, defendem que a Rússia tem que ser derrotada, já começa a roçar a cobardia que não mobilizem os seus rapazes para a guerra! Se vencer a Rússia nestas circunstância é vital para nós, então demos o corpo às balas, como os ucranianos. Minha senhora, a situação não se compadece com grandes tiradas retóricas, não estamos em jogos de guerra virtuais: todos os dias há gente a morrer e sofrer naquelas paragens, por uma causa que nem será a dela!
Seja qual for o resultado final da guerra, quanto mais durar, mais destruição causará naquele país. A Rússia continuará a existir, com ou sem Putin. E se achamos aceitável e útil a sua diabolização, temos que aceitar que eles nos diabolizem. Ora não será dessa forma que resolveremos este ou outro qualquer conflito! Não seria suposto que os cidadãos europeus se mostrassem tão acríticos e manipuláveis nesta situação tão grave que pode degenerar na 3ª guerra mundial. É isso que queremos?!
JA,
não me parece que lhe valha a pena conversar comigo. O meu maniqueísmo é tanto que quando chego à parte em que tenta atribuir aos EUA a culpa das mortes na Ucrânia deixo de o levar a sério.
Infelizmente, o meu maniqueísmo não despertou quando devia: quando Putin atacou a Tchetchenia, a Geórgia, a Crimeia. Quando enviou milícias para o Donbass.
E penso que esse seu medo da terceira guerra mundial é o mar no qual Putin navega alegremente rumo ao império à custa de povos que querem ser livres. Sabe que já andam a dizer que na Alemanha há seis milhões de russos? Pois...
Pois!... Ao menos confessa o seu maniqueismo! Pode ser que a consciência desse facto a livre das fobias que a tolhem ...a caminho da possível alucinação!
https://www.change.org/p/manifest-f%C3%BCr-frieden/u/31352950?cs_tk=AjRqnshEojBHTUS3CWQAAXicyyvNyQEABF8BvKCzGhoGnGDkbYsqKYxb8pQ%3D&utm_campaign=0135ac6d71db47a1b88cb196f487f3d1&utm_content=initial_v0_6_0&utm_medium=email&utm_source=petition_update&utm_term=cs
Isto também é Berlim, Alemanha, ou não?
Não à Guerra, Sim à Paz!
É Berlim, é. São os que não se importam que se dê aos tiranos um sinal de que o crime compensa. Concretamente: compensa invadir os países vizinhos, violar, torturar, destruir cidades, raptar crianças.
E quando Putin avançar sobre outros vizinhos, para "proteger" as minorias russas que lá existem, e quando recomeçar a violar, torturar, destruir cidades, raptar crianças - como é?
É isto: quando o Putin quer guerra, os países devem submeter-se à vontade de Putin para haver paz.
São os "maus", né?!! E a senhora é do "bem"! É o seu mundo! A preto e branco! sem saída que vislumbre, ou, ao menos, procure esboçar. A não ser prolongar o morticínio de um povo! "Viva la Muerte", poderia observar F. Arrabal.
JA, está quase a conseguir convencer-me que Estaline foi um maniqueísta irresponsável por mandar tantos milhões de soldados para a morte, na segunda guerra mundial, quando era afinal muito mais fácil fazer um acordo de paz com Hitler...
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