07 dezembro 2022

vamos aos factos

 

No dia em que na Alemanha vem a público que os "cidadãos do Reich" (entre os quais uma antiga deputada da AfD, agora juíza, mais uns quantos ligados a forças de segurança estatais) estavam a preparar um golpe de Estado que consistia em invadir o parlamento e derrubar o governo, e que tudo indica que este grupo tinha um ramo de forças paramilitares, o noticiário das oito falou cinco minutos sobre isso, e a seguir fizeram um programa especial de informação de 15 ou 20 minutos.

Informaram sobre os factos, entrevistaram o Procurador-Geral (gostei que a primeira pergunta que lhe fizeram tenha sido sobre o risco que a operação representou para os agentes de segurança), um especialista em terrorismo, a ministra do Interior.

Nada de comentadores, nada de nos fazer perder tempo com hipóteses, nada de nos fazer perder dignidade com insinuações.

- Foi arriscado?
- Foi. Hoje ao fim do dia suspirámos de alívio por ter corrido tão bem.
- Para quando estava previsto o golpe?
- Não sabemos. Sabemos que estavam a preparar-se para ele, e que foi bom termos agido agora. Precisámos de algum tempo para preparar a operação, mas conseguimos realizá-la a tempo.
Etc.

É um descanso viver num país onde a informação é assim. Já posso ir jantar, em vez de ficar pendurada a ouvir gente que se sente importante a debater cenários possíveis.


2 comentários:

amadeu moura disse...

Obrigado pela informação. Depois de ver e ouvir a CS Lusa, estava mortinho para saber a sua opinião sobre o acontecimento.Nada melhor que uma observadora sensata e rigorosa.

Helena Araújo disse...

Obrigada, mas isto não pretendia ser "informação rigorosa".
Era mais um comentário sobre as diferentes formas de fazer informação.
Se fosse em Portugal, já estavam há 3 horas a ouvir comentadores... ;)