04 setembro 2022

Pomerânia

 

Na tradução que estou a fazer, leio uma frase que se refere à Frankfurt destruída pelas bombas,
"isto não é Frankfurt, é a Pomerânia",
e vou ver de onde virá essa comparação.
Ocorre-me uma canção de embalar infantil, absolutamente devastadora, que virá da guerra dos trinta anos, ou talvez da dos sete anos, em finais do séc. XVIII, que dois em cada três alemães conhecem:
"Voa, joaninha,
o teu pai está na guerra
a tua mãe está na Pomerânia
e a Pomerânia está reduzida a cinzas"
E depois, encontro este filme de uma ironia brutal: uma das filhas do Goebbels a cantar este texto, uns anos antes de as cidades alemãs se terem tornado a Pomerânia. Penso no discurso do pai dela, "quereis a guerra total?", penso no clamor fanático da multidão. Penso na última noite, quando os pais desta miúda decidiram que uma Alemanha não-nazi não era um sítio bom para os seus filhos viverem, e os mataram todos.



Com o mesmo ritmo, há uma outra canção de embalar infantil que também provoca arrepios:
Rezem, crianças, rezem
Amanhã vem o sueco
Amanhã vem o Oxenstern (Axel Oxenstierna, chanceler da Suécia)
Vai ensinar as crianças a rezar
Rezem, crianças, rezem
Em termos de canções infantis, não me ocorre nada semelhante em Portugal. Infâncias abençoadinhas...


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