07 agosto 2022

Rolling Stones em Berlim (2)





Já disse que foi um concerto bombástico?

(a floresta de Grunewald que o diga, que até eu ouvi as bombas a rebentar, contei quinze estouros num minuto - mas se calhar não eram bombas, eram os foguetes de fogo de artifício apreendidos pela polícia e guardados em "lugar seguro", uma floresta de árvores ressequidas) (a minha vizinha ouviu os estrondos no início do incêndio, durante a noite, e ficou cheia de medo de a guerra ter chegado a Berlim)

Foi um concerto bombástico. A princípio ainda me ri de riso malsão quando vi a ambulância perto da zona dos músicos e comentei que já podiam começar, porque o mais importante já estava a postos. Mas depois dos primeiros passos do Mick Jagger no palco engoli o riso e fiquei simplesmente rendida.

Mais tarde, tentei imitar aqueles movimentos em casa, e fiquei cansada só de pensar nisso. (pode ser culpa da covid, agora posso sempre usar essa desculpa)

Mas vamos ao que interessa: comovente, o filme do início para homenagear Charlie Watts. Espantosa, a energia daqueles músicos, duas horas e meia no palco, sem interrupção. Impressionante, a resposta do público - vinte mil pessoas completamente agarradas àquele palco durante duas horas e meia (excepto um senhor na fila da frente, a quem por causa do calor deu a macacoa e teve de se deitar no banco; era engraçado ver o amigo dele a dançar enquanto lhe abanava um chapéu junto à cara). Excelentes, todos os músicos da banda. Fabulosa, a produção. Surpreendente, o Mick Jagger a dizer piadinhas em bom alemão (disse que fica ainda melhor depois da quinta cerveja). Tocante, a homenagem à Ucrânia com imagens de prédios destruídos, no écran por trás do dueto com Sasha Allen em "Gimme Shelter". Ou a harmónica, e o dueto com Ron Wood.

Memorável.

Muitos pensam que pode ter sido o último concerto deles, mas agora, depois de terem mostrado como estão em boa forma, suspeito que ainda hão-de voltar algumas vezes a Berlim - e que ainda hei-de ir vê-los de andarilho. De andarilho eu, eles nunca.

Deixo alguns momentos desta tournée pela Europa. O "Gimme Shelter" em Amesterdão (mas o vestido da Sasha Allen em Berlim era muito mais bonito, como podem ver aqui), e o "Midnight Rambler" de Gelsenkirchen. 



Quanto ao terceiro vídeo: esta vossa servidora começou a gravar quando o filme de homenagem a Charlie Watts já ia a meio. E quando o filme chegou ao fim, esta vossa servidora - zero a técnicas de realização! - parou de gravar, porque o filme já tinha chegado ao fim, não é verdade?, e só depois se deu conta que perdeu a entrada triunfante dos rapazes.

Mas, pensando bem, até foi melhor assim, porque se tivesse continuado a gravar ia ter no telemóvel mais um dos filmes com mais de 500 MB que fiz neste concerto, porque começava a filmar e nunca era o momento certo para terminar (já disse que sou um caso de zero a técnicas de realização?), e agora são demasiado grandes para passar para o PC, e não sei que lhes faça.


Dia quentíssimo, mesmo ao fim da tarde fazia 35 graus. Às vezes tinha a sensação que andavam insectos a passear nas minhas costas, mas eram apenas grossas gotas do meu próprio suor. E o Mick Jagger entra-me em palco de t-shirt de manga comprida, e sobre a t-shirt uma camisa, e sobre a camisa um blusão. Não admira que passasse o tempo a andar da esquerda para a direita e da direita para a esquerda: era onde estavam os ventiladores XXL.

No fim do concerto, quando íamos a caminho do S-Bahn, um músico amador tocava uma canção dos Beatles. Engraçadinho. Deve ter-se enchido de moedinhas, deve...

Outro cantava o Satisfaction, muito - mas mesmo muito - mal.

A esses músicos que, no final dos concertos, nos fazem cair da nuvem onde ainda vamos, dava eu uma moedinha mas era para ficarem calados. A começar pelo que toca balalaica no final dos concertos na Filarmonia.

(Não sei que me parecia fazer um post sobre música em Berlim e deixar a Filarmonia de fora...)

2 comentários:

Lucy disse...

Não sei se, objetivamente!!, mereces "zero a técnicas de realização, mas a verdade é que gostei muito de ver/ouvir e, sem a tua prestação, nem sabia que isso tinha acontecido. Daí, o meu agradecimento reverente! Nunca desistas...

Maria disse...

Os seus textos são uma aventura. Obrigada.