24 março 2022

é guerra, e há quem se entretenha a tentar apanhar jornalistas em falso...

 


Se há frase que os jornalistas alemães que noticiam sobre a invasão da Ucrânia repetem, por estes dias, é: "recebemos estas imagens de fulano, mas não tivemos a possibilidade de verificar a sua veracidade junto de outras fontes". 

Elementar. Porque, como toda a gente devia saber, a verdade é a primeira vítima da guerra. E não há motivo nenhum para esta ser diferente das outras, muito pelo contrário: tendo em conta o papel importantíssimo das redes sociais na propaganda e na criação de uma determinada narrativa que canaliza as emoções para o lado do invasor ou para o lado da vítima de invasão, há que desconfiar de tudo e de todos. 

No entanto, há algo que nos entra pelos olhos dentro, digam os jornalistas e os sites de factos alternativos o que disserem: a incrível vaga de refugiados que está cada vez maior - e provavelmente vai piorar, porque esta criminosa invasão ainda só hoje chegou ao fim do primeiro mês. 

Estima-se que neste momento haja cerca de dez milhões de ucranianos em fuga, dentro do seu país e no estrangeiro. O equivalente a um Portugal inteiro de pessoas deslocadas, levando consigo com malinhas do tamanho das que nós levamos habitualmente para um fim-de-semana. Perante a dimensão da catástrofe, estranho o orgulho pueril com que alguns anunciam ter encontrado o jornalismo "oficial" a dar informações incorrectas. Essa discussão sobre o que um jornalista disse e não disse, em tempo de guerra, é pior que ridícula - é mesquinha e insensível.

Não há site de notícias alternativas, nem erro de jornalistas, nem ideologias, nem necessidade de agarrar a auto-estima a alguma coisa que se veja, nem nada, absolutamente nada, que se possa sobrepor a isto: um povo em fuga, milhões de pessoas abruptamente arrancadas à sua vida normal, sem saber dos seus familiares nem do seu futuro.   





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