Tenho pensado muito no cenário central de Klondike, o filme ucraniano que vi na Berlinale há cerca de uma semana: uma casa ucraniana perto da fronteira da Rússia, uma sala à qual falta a parede virada para Leste.
A vulnerabilidade total. O desamparo.
Uma grávida entre o irmão pró-ucraniano e o marido que se dá com separatistas. O marido que só quer que o deixem em paz e ser feliz com a sua família. A mulher que se recusa a fugir. O irmão e o marido a reerguerem zangados a parede da casa. A incapacidade de comunicarem. O avião de passageiros que cai lá perto. Os paramilitares russos e tchetchenos no meio da sala, a decidir o que farão ao bebé quando nascer.
A estupidez do mundo. A impotência.
Quando o vi, ainda estava na fase de acreditar que Putin estava apenas a fazer bluff.
Uma semana depois, o filme regressa-me como metáfora sobre a desgraça deste país.
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