25 fevereiro 2022

Klondike - Berlinale 2022




Tenho pensado muito no cenário central de Klondike, o filme ucraniano que vi na Berlinale há cerca de uma semana: uma casa  ucraniana perto da fronteira da Rússia, uma sala à qual falta a parede virada para Leste. 

A vulnerabilidade total. O desamparo. 

Uma grávida entre o irmão pró-ucraniano e o marido que se dá com separatistas. O marido que só quer que o deixem em paz e ser feliz com a sua família. A mulher que se recusa a fugir. O irmão e o marido a reerguerem zangados a parede da casa. A incapacidade de comunicarem. O avião de passageiros que cai lá perto. Os paramilitares russos e tchetchenos no meio da sala, a decidir o que farão ao bebé quando nascer. 

A estupidez do mundo. A impotência.    

Quando o vi, ainda estava na fase de acreditar que Putin estava apenas a fazer bluff. 
Uma semana depois, o filme regressa-me como metáfora sobre a desgraça deste país. 


Sem comentários: