O Urso de Ouro da Berlinale de 2022 foi para Alcarràs, da catalã Carla Simòn, que já em 2017 levara de Berlim um prémio para o seu delicado Estiu 1993.
Se só pudesse usar um adjectivo para o Alcarràs, era este: solar. Consegue manter uma energia alegre apesar de nos apresentar um mundo em vias de desmembramento, e apesar da ameaça que paira sobre a família e os seus equilíbrios. Um filme excelente.
Já a cena inicial do filme, com a pequena Ainet Jounou no papel de Iris a brincar com os primos, prepara o público para o que se seguirá: cem minutos de vida intensa, cheia de naturalidade, atravessada por uma alegria bem ancorada na solidez dos laços humanos. Antes da projecção, os actores e a realizadora assinaram os seus cartazes, como é tradição neste festival. Em dois deles, ao lado das assinaturas deixaram também a mensagem central do filme: o mundo rural precisa de trabalhar com preços justos. No final, fica uma sensação enorme de estima e perda. Não podemos deixar este mundo desaparecer.
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