29 setembro 2021

Babi Yar - um a um

 

(foto: Ann ronan Picture Library / IMAGO - Julho de 1941, assassínio de judeus em Winnyzja)


(foto: AP - 1942, assassínio de civis soviéticos em Babi Yar)


Ouvi pela primeira vez o nome #Babi_Yar em Weimar, em 2005, ao conversar com um sobrevivente de Auschwitz, quando ele me contou, com gargalhadas amargas, que em Babi Yar encontrou apenas um monumento aos resistentes antifascistas.
- Aos resistentes antifascistas!, repetia ele. E a seguir, sarcástico: bebés, crianças de colo, velhos: todos antifascistas! Hahaha! Judeus, judeus é o que eles eram! Depois de assassinados pelos nazis, a sua memória foi apagada pelos comunistas. É isto que fazem connosco...
Só recentemente me dei conta de que os nazis assassinaram em Babi Yar muitas outras pessoas para além dos judeus massacrados em fins de Setembro de 1941. A História é bem mais complexa do que apenas o foco de cada um dos seus grupos.

Entretanto, já fizeram mais monumentos em memória dos que ali foram barbaramente assassinados: os judeus (1991), as crianças (2001), os escravizados em trabalhos forçados (2005), os ciganos (2016) - entre vários outros.

No centro de Berlim há uma chama perpétua a lembrar as vítimas de todas as guerras, junto a uma pietà de Käthe Kollwitz. "Todas as vítimas" é jogar pelo seguro: sempre é melhor que falar de uns e esquecer outros, como era o caso do primeiro memorial soviético em Babi Yar.

Mas lá, em Babi Yar, é diferente: no lugar onde mataram a tiro, um a um, mais de cem mil seres humanos, há que lembrá-los todos, e nomear individualmente os pretextos que o horror totalitário invocou para destruir cada um deles. Porque esse ódio contra grupos determinados continua vivo entre nós, e é preciso que o saibamos identificar e combater.





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