Faz hoje um ano que nos pusemos a caminho da Bretanha. O mundo estava a acabrunhar-se de covid, mas nós, longe dos noticiários e jornais do nosso antigo quotidiano, quase nem nos dávamos conta da dimensão do descalabro.
Em França só se podia passear até 1 km de casa. Mas como se podia ir às compras, nós passeávamos em passo mais ou menos apressado até ao porto de Brest para comprar peixe e marisco fresquíssimos. Todos os dias.
Passámos seis meses num apartamento minúsculo com uma vista fantástica, e eu olhava pela janela e pensava no colega Monet, que também se deslumbrava com aquelas variações de luz.
Olhando para este período, penso naqueles mergulhadores que estavam no fundo do mar no momento em que um tsunâmi se estava a largar sobre a costa. A Bretanha foi o nosso fundo do mar, estável, belo e fora do mundo.
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Comecei um diário. Mas quando o confinamento acabou, e a Bretanha se ofereceu em verão, deparei-me com o problema do costume: não consigo viver tão intensamente e escrever ao mesmo tempo.
Talvez agora, quando faz um ano que começámos esta aventura, consiga recuperar as pontas.
(Depois aproveito, e escrevo sobre as viagens à África do Sul, à Bolívia, ao Peru, à Costa Rica...)
Mas para já estou a aviar filmes da Berlinale online como se não houvesse amanhã.
(E ainda não escrevi sobre os que vi na do ano passado - que interrompi no penúltimo dia para me pôr a caminho da Bretanha.)
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