03 julho 2020

"Douro" (3)

Sobre as três pontes que a Régua sobre o #Dourouma para cada época, vou contar a minha versão (se for errada, agradeço que me corrijam):

A primeira ponte, de pedra e ferro, com o chão em traves de madeira, foi feita na segunda metade do século XIX, e servia lindamente para os peões e os carros de bois.

Umas décadas mais tarde a Alemanha perdeu a Grande Guerra, e teve de pagar reparações aos países inimigos. Portugal também recebeu a sua parte, nomeadamente um ponte para fazer a ligação ferroviária da Régua a - salvo erro - Lamego. A ponte dos alemães fez-se logo, a linha de comboio pelos montes e vales é que ainda hoje continua por concluir. E como aquela bela ponte de alvenaria estivesse à espera do dia de São Nunca à Tarde, e a ponte de chão de madeira não apresentasse segurança para os novos veículos que precisavam de atravessar o rio, a CP emprestou a sua ponte à JAE. No entanto, por ser ponte de comboio, ficou sem iluminação eléctrica.

A terceira ponte é a da auto-estrada, já com uma boa década de existência. Uma obra lindíssima, apesar de ser um elemento muito estranho naquela paisagem da vinha.

Pessoalmente, a auto-estrada que mais me incomoda naquele sítio é a dos fios eléctricos, que passa os montes na zona de Parada do Bispo e Valdigem. As pessoas que trabalham na vinha queixam-se que às vezes até apanham choques. E convenhamos que não beneficia muito a imagem deste nosso património mundial.

Essas duas aldeias, Parada do Bispo e Valdigem, estão unidas por uma animosidade antiga. Histórias de casamentos que não foram do agrado de todos - se bem percebi, no caso foi o pai da noiva que não gostou do noivo, e passou a malquerença à aldeia toda. Aquilo eram uns tempos de muita solidariedade e empatia...
Eram, e são: ainda hoje se diz em Parada que "Valdige é a terra que Deus não quije".
Não sei o que dirão os de Valdigem em troca, porque, como já devem ter suspeitado, eu dou-me é com os de Parada do Bispo.

Em todo o caso: uma ponte entre as pessoas de Valdigem e as de Parada do Bispo é que parece estar mais difícil de fazer.
(Ou se calhar já fizeram, e esqueceram-se de me informar.)


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