16 maio 2020

a primeira saída



Em França, o confinamento foi aliviado parcialmente na segunda-feira passada.
Na Bretanha também - e nós aproveitámos para fazer como os animais selvagens com as cidades desertas: começámos a recuperar cautelosamente o nosso antigo habitat de turistas.
Preparámos um farnelzinho, e abalámos para a península de Crozon que fica a... a... bem, ao lado de Brest (continuo com problemas de saber para que lado é o norte nesta terra que tem o mar a sul).
O meu cunhado tinha dito "ai, Crozon, não vão para lá, é muito turístico", mas resolvemos arriscar, e valeu a pena: em todo o dia só nos cruzámos com uma dúzia de espécimes da nossa raça.

O clima da Bretanha, não sei se sabem, é só pirraças: quando cá chegámos, chovia como se fosse Abril. Mal o Macron mandou toda a gente para casa, os dias ficaram lindíssimos. E quando chegámos ao primeiro dia de liberdade condicionada, foi isto:


Isto, e a primavera que está a passar por aqui:




Isto: nuvens, frio, vento fortíssimo. Fizemos várias caminhadas (Cabo da Cabra, Ponta de Dinan, Ponta de Pen-Hir, Ponta dos Espanhóis - que é a virada para Brest, à entrada da Rade) - mas eu só fazia as partes em que o vento soprava do mar para terra, porque o confinamento aumentou bastante a minha área vélica, digamos assim, e não me dava jeito nenhum voar pela ribanceira abaixo. (Especialmente agora, que podemos finalmente passear um pouco: era o autêntico "morrer na praia"...)



Tropeçámos mesmo sem guia num espantoso grupo de menires alinhados (Lagatjar). Fomos ver a torre Vauban em Camaret-sur-Mer. Estava fechada - grande surpresa... - mas valeu a pena na mesma por causa da água cor de esmeralda na baía, e os barcos que lá jaziam como instalações artísticas.













Também tropeçámos por todos os lados em bunkers alemães da segunda guerra mundial. Só de ver a extensão do aparato militar em toda a costa, juntamente com o grande número de igrejas relativamente recentes e o pequeno número de igrejas antigas que há em Brest, imagino o horror que terá sido a guerra por aqui, e os tantos motivos que este povo teria para odiar a Alemanha.





Para terminar, fomos a Crozon, a tal terrinha turística - mas: ou fomos à errada, ou não encontrámos o centro, ou então não sei: era tão pouco turística, que nem cafés tinha. Não havia nem sequer cafés fechados.

Esta costa é lindíssima - sem dúvida. E gostámos imenso deste primeiro dia de esticar as pernas para além do quilómetro a que tivemos direito durante dois meses. Mas foi estranho andar numa região turística sem turistas. De facto, nem turistas nem habitantes. Mas isto não é uma queixa, é apenas uma constatação.

(Um problema prático: com restaurantes e cafés fechados, fica mais complicado encontrar casas de banho.)


5 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Pronto, convenceu-me, a minha próxima road trip (odeio aviões e agora ainda mais) vai levar-me à Bretanha e depois à Normandia (sou fanático pela história da segunda guerra). Só desejo é ter a sorte de por lá estarem os poucos turistas que encontrou.

" R y k @ r d o " disse...

Admiráveis olhares fotográficos. É a liberdade da Primavera a trazer-nos Paz e felicidade
.
Um domingo de Paz e bem
Cuide-se.

calita disse...

Ai, deu-me saudades de deambular pelo Porto e Gaia contigo! Quando isto acabar repetimos? Pode ser noutra cidade qualquer.

Helena Araújo disse...

Lúcio Ferro, isso dos turistas: não garanto nada!
Mas se evitar o verão, é capaz de não estar tudo tão cheio.
(Por outro lado, pode ter o azar de apanhar imensa chuva)

Helena Araújo disse...

Calita: combinadíssimas! :)