Século X
Para que não vos falte nada, ontem fui de propósito a Quedlinburg, que no #século_X foi a terra do Henrique I, do Otão I, do Otão II, do Otão III e do Henrique II, para tirar fotografias. Entrei na igreja românica do burgo, fui direitinha à cripta e por trás desta ao "confessorium" construído em novecentos e troca o passo, e quando ia para fotografar apareceu a guarda da igreja a dizer que não podia.
- E pode dizer-me porquê?, perguntei eu com curiosidade e bons modos.
- Porque as fotografias perturbam a serenidade deste espaço, respondeu ela em voz alta, estridente e antipática.
Só me deixou fotografar na nave central. A cripta e o "confessorium" (com aspas, porque não tenho tempo de ir ver como se chamará em português, que daqui a nada são nove horas e tenho de pôr a palavra do dia) estão naquele espaço por trás do altar na que deve ser a última fotografia desta série.
A verdade é que fui a Quedlinburg num pé e vim noutro, porque os amigos com quem ia tinham bilhetes para os Festspiele de Halle e a ópera começava já às sete. De modo que só fiquei com umas ideias vagas daquele primeiro Henrique que foi promovido a rei quando andava a caçar pássaros, e dos seus filhos, um dos quais levou para a batalha contra os hungaros a autêntica lança que trespassou Cristo, e assim ganhou (a lança faz parte do tesouro da coroa germânica, e está agora em Viena, de onde não sai de modo algum, pelo que em Quedlinburg dão a ver uma cópia).
E por falar em cópias, também vi cópias de sapatos e outros objectos pessoais usados no século X. Não diziam se os sapatos eram de homem ou de mulher, mas - assim bonitos e confortáveis como são - parece-me que bem podiam ser de uma das poderosas rainhas dos Otões. Sendo certo que o casamento era importante para reforçar alianças a assegurar descendência, estas mulheres eram muitas vezes mais cultas que o marido, tinham muita influência na corte e na igreja, e cuidavam até de assegurar à sua família um lugarzinho ao sol do lado de lá da eternidade.
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