As palavras propostas na Enciclopédia Ilustrada seguem a ordem 
alfabética. No que diz respeito às palavras por A, B, C, D e quejandas, 
temos para muitas voltas. Mas quando chegamos ao fim do alfabeto, ao W, 
ao X, ao Y, ao Z, parece que o dicionário se cansou. Ao fim de alguns 
anos de voltas ao alfabeto, escasseiam as palavras. Uma maneira de 
tornear a dificuldade para a letra X foi propor os 
séculos: X, XI, XII, ...
(Agora só preciso de um truque assim expedito para o W, o Y e o Z...)
Partilho
 aqui de seguida dois posts meus sobre o século X e um sobre o século 
XI. Os séculos restantes virão a seu tempo, volta após volta. 
Século X
S. Gregório de Narek viveu na segunda metade do no #século_X.
 Além de monge e abade, especialista em música, geometria, matemática, 
literatura, astronomia e teologia, escreveu uma série de poemas-oração 
que foram integrados nos cânticos litúrgicos arménios. O seu túmulo 
permaneceu no seu mosteiro de Narekawank junto ao lago Van, até o 
mosteiro ter sido destruído na lógica de destruição da memória que se 
seguiu ao genocídio de 1915.
Alguns desses cânticos ainda hoje se 
cantam naquelas espantosas igrejas milenares. Não sei se esta melodia 
tem 1000 anos, mas o texto, esse, é mesmo do século X. 
Quando 
fizemos o filme ARtMENIANS entrevistámos o compositor Tigran Mansurian, 
que a dada altura disse que Komitas, o grande compositor da passagem do 
séc. XIX para o séc. XX, todos os dias se passeava em milénios de 
cultura musical arménia como quem passeia num jardim. 
E se fosse só
 o Komitas... Em Yerevan, na praça Sarian, encontrámos um pintor que 
estava a vender pinturas nas quais inscrevia poemas de S. Gregório de 
Narek. Quase comprei um, e quase me arrependo de não ter 
comprado: os tons azuis do quadro, e a árvore cujas raízes eram um poema
 místico do século X que o pintor conhecia de cor. Contou-nos que tinha 
um quadro muito especial, que não vendia por dinheiro nenhum, que 
representava os versos daquele poeta que mais o tocavam. Pedi que o 
dissesse, e ele comoveu-se, começou, hesitou, recomeçou. Sabia o poema 
de cor, mas sentia-se tão avassalado que não o conseguia dizer.
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Só por 
curiosidade, partilho um link para um texto que encontrei sobre a 
evolução da música litúrigca arménia. O episódio passado no séc. VII é 
muito engraçado:
The next centuries were marked by an increase in feasts, the regulation of the rites and, consequently, the propagation of songs. Armenians did not yet intend to use parchment for music, but one day, in the 7th c., it became evident that the richness of the repertoire could cause a disaster. It was the Feast of Transfiguration. A crowd of clergymen who had come from different regions was gathered on this occasion and the Catholicos himself was present. Everything was normal until one of the choirs started singing the Patrum which belongs to a song series inspired by the prophet Azaria’s canticle. The other choir replied, with the same melody-type, but with a verse that belonged to another song, because the choristers didn’t know the first one. The two choirs exchanged eight verses, each belonging to a different song, composed in a different region. As a result, the Catholicos ordered that a selection of songs be made to be sung during offices and that every diocese in Armenia must use this selection.
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