06 fevereiro 2019
The green lie - Berlinale 2018
The green lie é um documentário de Werner Boote e Kathrin Hartmann sobre a destruição do planeta e a ilusão do poder do consumidor, construído como um diálogo entre dois personagens: ele arma-se no parvo engraçadinho que tem boas intenções, ela é a sabichona que para tudo tem resposta. À parte as limitações desta construção, o conteúdo é muito informativo.
Mostra, por exemplo, como as empresas conseguem manipular os selos de sustentabilidade ecológica para assinalarem que o produtor faz não "o ideal" mas "o possível". Um "possível" definido por elas próprias. Mostra também como a profusão de selos de garantia só serve para aumentar a confusão do consumidor. Mostra o sofrimento das populações e a catástrofe ecológica que permitem a produção do óleo de palma que, por mais barato, é a gordura favorita das indústrias alimentares.
Muitas vezes tenho pensado numa pequena passagem desse filme. Os dois estão num supermercado a olhar para as embalagens de café. E então Werner Boote diz:
- Aqui está um café "fair". Se este é "fair", o outro é o quê? Como é que aceitamos que num supermercado europeu seja vendido café produzido em condições unfair? Não é uma questão de pôr o selo "fair" numa embalagem e deixar que o consumidor decida. Café produzido e comercializado em condições desumanas pura e simplesmente não devia chegar aos supermercados europeus!
Penso também no sorriso sereno de Noam Chomsky a dizer: "todas as grandes mudanças - a revolução franceesa, a abolição da escravatura, por exemplo - pareciam impossíveis antes de terem acontecido".
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