O artigo que a Visão publicou sobre o custo ambiental do hábito de dar rosas vermelhas no dia de São Valentim (um exemplo: só por causa do São Valentim, há centenas de aviões a levar 15.000.000 kg de flores da América Latina para os EUA) lembrou-me uma história que já contei aqui, sobre uma mulher de Berlim Leste que no dia 10 de Novembro de 1989,
algumas horas depois da queda do muro, atravessou a fronteira e foi para
o Ku'damm ver as lojas de flores. Entrava, admirava, cheirava. "Posso
ajudá-la?", perguntavam as vendedoras. "Não, obrigada, só quero ver".
Atravessou o muro para ver flores exóticas.
Na RDA não havia flores exóticas. Não havia rosas em Novembro, e muito
menos em Fevereiro. Cometiam outras catástrofes ambientais,
mas não tinham aviões a agravar o efeito de estufa só para inundar as lojas de rosas
vermelhas em Fevereiro.
Falo do papel dos aviões no aquecimento climático, como podia falar das doenças terríveis que as pessoas apanham por causa
das condições em que são produzidas as flores maravilhosas que podemos
comprar na Europa durante todo o ano.
Flores não são um bem de
primeira necessidade. É possível sobreviver mesmo tendo apenas acesso a
flores sazonais e produzidas na região sem uso de químicos cancerígenos.
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