Ontem, ia pela rua (se querem saber tudo: carregada com as caixas que comprei para começar a enrolar a minha roupa, à la Marie Kondo) (sim, converti-me) (quer dizer: sou uma Kondólica pouco praticante, mas hoje, ao fim de cinco horas a enrolar camisolas, dei-me conta do poder daquela fé) quando comecei a reparar na conversa do casal ao meu lado.
Não é que eu seja cusca - a mulher é que ia a falar altíssimo, muito afirmativa, e entremeava o discurso com um chorrilho de palavrões que até parecia do Porto (mas para o caso de estarem aqui menores, não traduzo essas partes):
- Agora querem impor o fim das diferenças entre homens e mulheres, é tudo igual! Já me viste isto? Tudo igual! Homens não podem ser diferentes das mulheres! E mulheres não podem ser diferentes dos homens! Eu passo-me com isto! Fico cá com uma fúria, nem queiras saber! Onde é que já se viu, os sexos serem iguais? Depois acabam todos a gostar de todos, uma confusão dos diabos! E quem é que faz os filhos, digam lá, quem é que faz os filhos? Dá-me cá uma vontade de lhes dizer ó meus estes meus aqueles! Vocês são burros ou fazem-se?!
O homem (suspeito que queria lulas) ia respondendo com generalidades, dizia que sim a tudo, muito submisso. E ela continuava, cada vez mais alto e com cada vez mais palavrões.
Eu ia atrapalhada demais com a minha torre de Pisa feita de caixas-Kondo para parar a explicar-lhe a diferença entre sexo e género. Além disso, tinha muita graça ver o espectáculo de uma mulher a portar-se como um homem para defender a tese de que tem de haver diferenças entre os meninos e as meninas.
2 comentários:
Eu sou do PORTO e não digo palavrões!!!
Tento ser uma Kondólica mas, ainda não consegui.
Que nacionalidade tinha a mulher gritante?
Ela era alemã (pareceu-me)
Uma pessoa do Porto que não diz palavrões? Ai! Às tantas até é do Benfica... ;)
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