12 março 2015

percorrendo as pontes que a minha cidade a mim me trazem



Regressar ao Porto em passos lentos. Reencontrar nas árvores e nas esquinas a minha vida: a que passou, a que sou. Campo Alegre, Boavista, Clérigos, rua das Flores e Ribeira. O passeio dos namorados ao longo do rio até à ponte da Arrábida, a subida para a Boavista. Passear pela minha cidade, dizendo para mim própria o poema do Vasco Graça Moura.

“sobre a minha cidade, falei-te ontem, mostrei-te
as esquinas do tempo, a imagem de fachadas
que ainda conheci, de outras que
eu próprio ignorava; sobre
a minha cidade e suas pedras, seus espaços
de árvores graves; e o que foi arrasado,
ou está a desfazer-se; as manchas do presente, a
poluição dos homens; e o que foi
violentamente arrancado por negócios sucessivos,
erros, brutalidades: o que era e o que foi
o que é dentro de mim o seu obscuro,
imaginário ser: costumes e conflitos,
maneiras de falar, a gente
e a confusão das ruas, as casas do barredo;
sobre a minha cidade achei que tu
tiveste gratidão, a viste.
que percorreste as pontes que a minha
cidade a ti me trazem, entre
gaivotas alastrando e músicas diferentes,
e foste nascer nela.”
Vasco Graça Moura (1942-2014)













1 comentário:

Xa2 disse...

Parabéns Helena, já ganhou mais uns pontos ... (tb por estes posts)

De um visitante 'expatriado' em Lisboa, ainda com 'horários'...

Xa2, Luminaria