Assim não, Europa!
Embaraçoso - é o que se pode dizer sobre o encontro do Eurogrupo. A responsabilidade por esta situação cabe tanto aos alemães como aos gregos: o comportamento de ambos ridiculariza a Europa.
Um comentário de Marlies Uken, Bruxelas
Os credores da Grécia têm bons motivos para se sentirem irritados com o novo governo de Atenas. Depois da vitória apoteótica, os novos governantes percorreram a Europa em mangas de camisa, anunciando simplesmente o fim da política de salvação [do euro] até então em curso. Mais ainda: o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, comparou o trabalho da troika, tão odiada pelos gregos, aos métodos de tortura da CIA.
A Grécia quer ter um papel especial, pede tempo e dinheiro e está disposta a oferecer, no máximo, compromissos em doses homeopáticas. Simultaneamente, o novo governo grego apresenta-se como o salvador de toda a Europa. Isto não tem como resultar, pelo que deve ser rejeitado pela UE e pela Zona Euro. Tanto mais que está em causa dinheiro dos contribuintes no valor de milhares de milhões.
Ao quinto dia das negociações ainda não se tornou claro o que é que o governo grego quer. Em vez disso, Jeroen Dijsselbloem, o chefe do Eurogrupo que foi a Atenas reunir de urgência, viu-se humilhado com estrondo mediático. Pode ser que isso traga pontos ao nível do eleitorado grego, mas cai muito mal aos parceiros europeus.
E depois, na qualidade de novo colega em Bruxelas, fazer discursos longos e académicos sobre a democracia - referindo apenas lateralmente as imensas necessidades de financiamento da Grécia: também assim o ministro Varoufakis abusou da paciência dos seus colegas.
Um compromisso tem de ser realizado
Para dar a ideia do conjunto, é preciso também dizer que o modo como o resto da Europa está a reagir à Grécia é sinal de falta de respeito e solidariedade. Mesmo que a alguns políticos europeus não dê jeito que a detestada esquerda tenha ganhado as eleições na Grécia, ela merece ser ouvida. As suas críticas à política da troika e da salvação do euro têm a sua razão de ser.
O comunicado final que o Eurogrupo apresentou ontem à tarde para ser assinado pelos gregos era, contudo, de tal modo inaceitável, que chega a ser desavergonhado tê-lo trazido para a mesa. Nele não havia a menor intenção de aproximação mútua, de disponibilidade para compromissos. E em particular a Alemanha desempenha aqui um papel inglório. Não apenas pela teimosia que o ministro Schäuble exibe repetidamente. Nos bastidores, o ministério das Finanças diz mal do novo colega grego e critica o modo como se apresentou em Bruxelas. Isto também é um mau estilo!
Independentemente da questão sobre quem chantageia quem, os gregos chantageiam o resto da Europa ou a Eurozona e o FMI chantageiam os gregos: estamos todos numa lose-lose-situation. Mais uma vez, a Eurozona é posta perante os seus limites. Se existe realmente esse desejo tantas vezes formulado de um acordo, as duas partes têm de se começar a mexer agora. A Europa é um continente de compromissos. Este é o momento de o realizar, em vez de ser apenas exigido. Vale para os dois lados.
Ao quinto dia das negociações ainda não se tornou claro o que é que o governo grego quer. Em vez disso, Jeroen Dijsselbloem, o chefe do Eurogrupo que foi a Atenas reunir de urgência, viu-se humilhado com estrondo mediático. Pode ser que isso traga pontos ao nível do eleitorado grego, mas cai muito mal aos parceiros europeus.
E depois, na qualidade de novo colega em Bruxelas, fazer discursos longos e académicos sobre a democracia - referindo apenas lateralmente as imensas necessidades de financiamento da Grécia: também assim o ministro Varoufakis abusou da paciência dos seus colegas.
Um compromisso tem de ser realizado
Para dar a ideia do conjunto, é preciso também dizer que o modo como o resto da Europa está a reagir à Grécia é sinal de falta de respeito e solidariedade. Mesmo que a alguns políticos europeus não dê jeito que a detestada esquerda tenha ganhado as eleições na Grécia, ela merece ser ouvida. As suas críticas à política da troika e da salvação do euro têm a sua razão de ser.
O comunicado final que o Eurogrupo apresentou ontem à tarde para ser assinado pelos gregos era, contudo, de tal modo inaceitável, que chega a ser desavergonhado tê-lo trazido para a mesa. Nele não havia a menor intenção de aproximação mútua, de disponibilidade para compromissos. E em particular a Alemanha desempenha aqui um papel inglório. Não apenas pela teimosia que o ministro Schäuble exibe repetidamente. Nos bastidores, o ministério das Finanças diz mal do novo colega grego e critica o modo como se apresentou em Bruxelas. Isto também é um mau estilo!
Independentemente da questão sobre quem chantageia quem, os gregos chantageiam o resto da Europa ou a Eurozona e o FMI chantageiam os gregos: estamos todos numa lose-lose-situation. Mais uma vez, a Eurozona é posta perante os seus limites. Se existe realmente esse desejo tantas vezes formulado de um acordo, as duas partes têm de se começar a mexer agora. A Europa é um continente de compromissos. Este é o momento de o realizar, em vez de ser apenas exigido. Vale para os dois lados.
MARLIES UKEN
© ZEIT ONLINE
Sem comentários:
Enviar um comentário