* Uma historiadora em Berlim:
"Este mês participei num congresso em Diyarbakır. Sinto-me comovida e pouco à vontade quando me encontro com aqueles historiadores e investigadores. Quem sou eu, para participar num encontro com pessoas que passam anos na cadeia devido ao tema da sua investigação? Falei com alguns deles. Têm uma aparência muito humilde, são muito doces e atenciosos, e depois, isto: um deles passou onze anos de cadeia por ter andado a investigar sobre o genocídio dos arménios. Outro entrevistou os netos e bisnetos dos que cometeram aquelas atrocidades. Sabe perfeitamente que pode pagar um preço altíssimo, mas diz que não pode nem quer evitar esse trabalho."
* Um advogado alemão:
"Há alguns anos, um casal veio ter comigo pedindo que investigasse a morte do seu filho, ocorrida em circunstâncias que lhes pareciam estranhas. A namorada dele desapareceu logo após a sua morte, e nunca se soube o que acontecera ao dinheiro que ele tinha - o que tornava o caso ainda mais curioso. Muito tempo depois alguém me revelou que essa namorada e o seu companheiro de longa data tinham sido treinados pela Stasi para matar pessoas de modo a parecer um acidente. Essa gente ainda anda entre nós. Falei com um chefe da polícia, que foi verificar os indícios e imediatamente me ofereceu protecção policial."
* Sol Gabetta, numa entrevista à revista Concerti:
"Às vezes são pequenos instantes que compensam todo o esforço - quando tenho a sensação de que tudo se torna uma unidade: a orquestra, o maestro, eu, o espaço, o público. Só acontece raramente, mas é aquilo que busco. Procuro algo que nem sou capaz de explicar."
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Este post pode ser o primeiro de uma nova rubrica: frases que ouvi ao longo da semana, e que por algum motivo me chamaram a atenção. Em alguns casos não direi o nome do seu autor, por terem surgido em conversas privadas - e também porque o mais importante é o conteúdo, e não o emissor.
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