02 dezembro 2014

Arménia minha.



Vá onde for, não esquecerei nossos cantos de lamento
nem os livros de antigas letras, em oração convertidos;

quanto mais fundo o sofrimento me ferir o coração

mais te amarei, Arménia órfã, queimada de sangue, Arménia minha.


Yegische Charents

A revisitar as fotografias da Arménia enquanto ouço o concerto para violino de Tchaikovski, os meus olhos encheram-se de água doce ao ver a fotografia desta miúda, que em Berlim recitou para nós um poema de amor e saudade escrito por Yegische Charents. 

Também deve ser culpa do Tchaikovski essa súbita tristeza, essa vontade de regressar a Nagorno-Karabakh e aos seus estendais, roupa lançada para o vazio como o próprio povo que lá vive.





...Mais te amarei, Arménia órfã, queimada de sangue, Arménia minha. 

 Olho para as fotografias, e vejo uma Arménia que me acolheu - e que acolhi com alegria.

***

Em Novembro começa a minha aflição de preparar o álbum de recordações do ano, memória da nossa família e presente de Natal para familiares e alguns amigos. É um caderno A4, com umas 30 páginas de imagens e texto. Em 2008 fiz o primeiro, e só lamento ter começado esta tradição tão tarde. Os filhos gostam imenso (quando foi para a Bolívia, a Christina levou consigo os álbuns de todos os anos), os amigos perguntam "então, como vamos aparecer este ano no livro da vossa vida?", os sobrinhos em Lisboa esperam-no cheios de curiosidade, como se fosse o presente mais apetecido. São muitos dias de trabalho intenso, atravessados pela doçura do regresso a muitos momentos felizes do ano e do prazer de me fazer cronista da nossa história. 
E assim vai a vida. 

2 comentários:

jj.amarante disse...

Coincidência, em 2008 começou também o "Imagens com Texto"!

Helena Araújo disse...

É, foi um ano bom. :)