09 novembro 2014

queda do muro de Berlim - 25 anos








O Google assinala a efeméride com um doodle: aqui

Ao fim da tarde saí com amigos pela cidade. Fomos para Prenzlauer Berg, para chegar pelo lado oriental à Bornholmer Brücke, onde há 25 anos se abriu a primeira passagem para Berlim ocidental. Depois seguimos o caminho da luz - ao longo do corredor da morte - em direcção ao Mauerpark, e descemos para a Bernauer Strasse. O Joachim apareceu com amigos, dois irmãos berlinenses, mais a família de um deles. Um mora agora em Mannheim, e o outro mora em Munique com a família - esta manhã decidiram que não podiam ficar em casa num momento tão importante. 
Há 25 anos, contaram eles em pleno memorial da Bernauer Strasse, também não ficaram em casa. Contem! Contem!, pedimos nós, e eles contaram:
O primeiro disse que nessa noite chegou a casa bastante tarde, após um jogo de volley e respectivas cervejinhas depois, e a mãe disse-lhe "a fronteira abriu!". Foram imediatamente para o centro da cidade. Ele queria subir ao muro em frente à porta de Brandemburgo, mas a mãe não o deixou. A mulher dele, que nessa altura ainda não o conhecia e  morava com os pais nos confins da Alemanha ocidental, acordou a meio da noite com ruídos estranhos em casa. Eram os pais dela, sentados de mãos dadas em frente da televisão a chorar. O irmão dele contou também, a rir: por uma incrível coincidência, estava com o pai do lado de lá do muro, em Berlim leste. Viram, com os amigos da RDA em casa de quem estavam, a conferência de imprensa com um Schabowski muito mal preparado a deixar escapar aquele "tanto quanto sei... é agora, imediatamente". Os dois de Berlim ocidental, pai e filho, disseram muito entusiasmados "o muro vai cair!" e saíram porta fora, para regressar a casa no meio daquela multidão de berlinenses divididos entre a euforia e a desconfiança de que nada daquilo era verdade. Os amigos, esses, disseram que tudo ia continuar como dantes, e preferiram ir deitar-se. Ainda hoje não conseguiram encaixar a frustração de terem passado aquele momento único a dormir descansadamente. 

As fotografias que fiz hoje não são muito boas. Não mostram nem a beleza da instalação nem a animação daquelas ruas cheias de gente. A ver se as de amanhã são melhores.
(Na primeira vê-se a lua cheia. Os nossos amigos alemães, brincalhões, comentaram: "olha, um dos balões já vai a voar". A nós, gente do Porto, só ocorreu dizer: "ora bolas!")















2 comentários:

CCF disse...

Que lindo Helena! Acho que foi mesmo dos dias mais emocionantes do século XX.
~CC~

Lucy disse...

que bom haver estas coisas para não deixar cair a esperança. Obrigada por partilhares momentos tão belos