19 novembro 2011
lacrimosa
Requiem de Mozart, esta manhã, na Sala de Música de Câmara da Filarmonia: em memória de uma mulher muito amada que partiu esta semana, e de uma bebé que se agarrava à vida com toda a força das suas mãozinhas minúsculas, mas foi levada há um mês.
***
Eu não devia ter fechado os olhos logo aos primeiros compassos. De olhos fechados, a música bate com muita mais força - nunca mais consegui controlar-me, mesmo tentando aquele truque de olhar para o tecto (olhava para o tecto, olhava para a orquestra, olhava para o tecto, olhava para a orquestra - parecia a cena final do Blow Up, mas em movimentos verticais em vez de horizontais) e daí a pouco uma senhora ao meu lado fungava copiosamente e até a soprano ia limpando uma e outra lágrima (parecia aquela cena do Padre Patrone de quando os rapazes se foram às galinhas, mas desta vez em contágio de irreprimível comoção).
(foto: aqui)
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5 comentários:
(não se trata de uma terrível coincidência, pois não? um enorme e muito sentido abraço)
...
Não, Carlos: coincidência nenhuma. Essa mãozinha que se agarra em volta de um dedo esteve esta manhã em Berlim.
Olha....a coincidência existiu.
"em memória de uma mulher muito amada que partiu esta semana".
Que assim seja.
(Helana, sem palavras, excepto: obrigado)
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