08 março 2011

mensagem críptica para o meu irmão que está em Angola

Após a queda do muro e a consequente retirada do exército russo, libertou-se em Weimar, entre o parque de Goethe e a fronteira nascente da cidade, uma bela encosta que era anteriormente terreno militar. Nesse espaço, a que se dá o nome de neues bauen am Horn estão agora a construir casas da nova bauhaus - afinal de contas, era o mesmo terreno no qual a primeira bauhaus, a que nasceu nessa cidade em 1919 e foi corrida pelos nazis em 1925, tinha projectado construir uma colónia moderna.

Começo por mostrar a minha preferida:




Esta também é engraçada:
(são casas geminadas, mas com formas e cores diferentes; a da direita foi construída à volta de uma árvore)


As casas pretendem-se bastante abertas (sem medos da vizinhança curiosa e das janelas indiscretas), mas com alguns espaços de refúgio:


Tem muitas mais, claro, mas eu só fotografei estas porque já passava das duas, o pessoal estava esfomeado e a implorar silenciosamente para nos irmos às famosas salsichas grelhadas da Turíngia.

E já que estou com a mão na massa, aqui ficam fotografias da primeira casa construída pelo movimento bauhaus, na altura da grande exposição de 1923 (o projecto vencedor não foi, curiosamente, o do director Gropius, mas o de Muche, que era um pintor):

Em vez de um muro à volta da propriedade, optaram por aproveitar uma técnica de embalagens industriais que na época se inventara na Holanda. Assim conseguiram separar o jardim da rua sem se perder a vista para o parque, mesmo em frente.


Estes candeeiros embutidos na parede são muito engraçados. Não é que dêem muita luz, mas esta também não era uma casa para se viver, era só para mostrar.

Em Erfurt, a vinte quilómetros de Weimar, também andam a fazer umas casas interessantes no centro histórico da cidade:





Como se vê na esquina desta casa, só se pode abrir uma pequena parte da janela. É uma solução interessante para ter luz sem os custos de uma janela, mas pergunto-me como é que o morador do andar de cima lavará os vidros. A não ser que tenham inventado um sistema de janelas "auto-lavantes", como já há nos fornos de alguns fogões... (ora aqui está uma coisa que podiam inventar, sim senhor)




Erfurt, para quem não sabe, é uma cidade assim:


Esta rua não é apenas uma rua, é uma ponte com casas - no seu género, a maior da Europa. Hei-de ir lá a melhor hora, que esta fotografia, feita ao lusco-fusco, está uma porcaria.

Vista das casas, do lado de fora da ponte:

Vista da catedral e da igreja vizinha, ao anoitecer:

5 comentários:

Paulo disse...

Concordo com a escolha da primeira casa. Até já estou a imaginá-la ali na Senhora do Monte. Deitava uma que lá está abaixo, que é feia, e punha lá esta. Com um fosso cheio de crocodilos amestrados à volta.

Paulo disse...

(Esqueci-me de dizer que a parte dos crocodilos é uma brincadeira)

(E a ver se a mensagem chega ao destino)

Helena Araújo disse...

Eu percebi, claro.
Tu tem cuidado: nos tempos que correm é muito importante dizer que se trata de uma citação!

Quais Senhora do Monte? Qual casa?

Paulo disse...

Pois é. Ainda alguém me retira o grau académico. A parte dos crocodilos é uma citação. Disse.

Helena Araújo disse...

E quando a gente diz coisas como "alma minha" ou "engenho e arte" ou "má fortuna, amores ardentes" ou "assoar-se à gravata"? ou "atire a primeira pedra"?
É preciso avisar que é uma citação?
É preciso acrescentar "como dizia o outro"?

É que toda a nossa língua foi dita por outro...

(não, não estou a defender o Guttenberg, que parece que este Carnaval participou num cortejo disfaraçado de dr. ...)

Olhei outra vez para a primeira casa. Linda!