(foto tirada daqui)
El Premio é um dos filmes da secção competitiva da Berlinale deste ano, uma co-produção de meio mundo (México, Alemanha, Polónia, França - pelo menos) (mais valia ser feito logo pelas Nações Unidas, sempre teria um genérico inicial mais curto) (mais valia ter sido financiado pelo Instituto do Cinema Argentino, como lhe competia, mas não, parece que continua a ser muito complicado olhar para trás) (talvez fosse boa ideia acabar os parêntesis e começar uma frase nova). Vá:
Conta a história de uma menina que vive escondida com a mãe numa cabana quase em ruínas, numa praia desesperada da Argentina. O pai foi feito prisioneiro político, a mãe e a filha vão-se arrastando por ali, e o filme arrasta-se também num registo de cor e luz tão estranhas que nos dá a impressão de ter sido feito a cinzento.
Na escola, a menina faz rapidamente amigos, e a vida parece normal - tão normal quanto é possível numa casa fria e demasiado próxima do mar - até ao dia em que um soldado visita a escola e pede aos alunos que façam uma redacção sobre o exército argentino. E mais não conto.
Este é o primeiro trabalho de Paula Markovitch, em parte autobiográfico, e foi muito aplaudido. É um filme tenso, que consegue mostrar com toda a crueza um momento da História da Argentina a partir do olhar puro e despido de uma criança.
Tive a sorte de ver a estreia, com todo o arraial subjacente: as actrizes nos seus belos vestidos (a morrer de frio, garanto que não entendo como é que elas fazem quase todas questão de mostrar as costas e os braços nus com temperaturas negativas e um vento terrível), a Paula Markovitch no seu sobretudo e gorro de cossaco que não tirou nem para subir ao palco, as meninas nos seus vestidinhos de princesa...
(foto tirada daqui)
Como aqui se conta, são feitas fotografias dos actores e realizadores de todos os filmes da competição. Antes da estreia, os cartazes são afixados à entrada da sala de cinema no Berlinale Palast, e autografados. O público já está na sala à espera que o filme comece, no écran aparecem imagens do que se passa lá fora. Foi muito engraçado ver o Dieter Kosslick a pegar na actriz principal, a pequenita vestida de princesa rica (a única que teve a inteligência de levar um casaquinho de pele, ou de pêlo, e luvas), para ela escrever o seu nome, muito aplicada, em cima da fotografia.
No fim da sessão, mal os actores e o realizador viram costas e abandonam o Berlinale Palast, os posters são levados para um andar superior, para dar lugar às estrelas do filme que se segue.
Oh, fama! - fugaz amiga.
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