13 janeiro 2011
método iterativo
Eu não gosto nada do Cavaco. Mas ainda gosto menos deste método iterativo que arranjaram para o encalacrar. A partir da informação "comprou por 1, vendeu por 2,4" tenta-se provar por aproximações sucessivas a suposição inicial "o Cavaco é desonesto". Primeiro, o errado é ele ter lucros de 140% e não desconfiar (bem, eu uma vez tive lucros de 1.600% em 3 ou 4 anos, e também não desconfiei - porque devia ter desconfiado, se estava a acontecer a toda a gente, e não eram acções de empresas de armamento ou assim?). Depois, o errado é ser cristão e aceitar ter lucros tão altos - acho que li isto, acho que não sonhei. Finalmente, o errado é o preço de compra, não o de venda. Pode ser que à terceira tenham acertado, mas este método por aproximação, vocês desculpem, cai muito mal.
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5 comentários:
Helena, por favor não compares com o teu caso. O método não é nada iterativo, porque o verdadeiro problema está na conjugação de todas estas questões com mais outras duas, que são complementares: o facto de Cavaco Silva ter ocultado de início tudo isto e a evidência de ter mantido a sua confiança política num membro do Concelho de Estado por si indicado e constituído arguido no Processo judicial do B. P. N.!
Ter comprado àquele preço exclusivo é condenável, porque apenas Oliveira e Costa (e quem ele admitisse) podia ter-lhe acesso; ter vendido àquele preço é criticável, porque significava um ganho injustificável face à real situação do Banco já na altura (e um accionista de referência tem de conhecer a solidez dos balanços da sua Empresa), mas o que acima de tudo reputo de intolerável é tudo isto ter sido praticado por alguém que a si próprio se tem na conta de "especialista da matéria", "experimentado Professor" e de "honestidade indiscutível".
Se bem que a mim não me interesse de todo o carácter de Cavaco Silva, mas apenas a conclusão de o supremo magistrado da Nação, referência cívica e moral de todo um Povo, ter não só sido cúmplice da maior burla financeira de sempre em Portugal, que faz Alves dos Reis parecer um menino de coro e que nos custará "apenas" dois terços do esforço orçamental português (para além de ter mandado "às malvas" todo o difícil processo de redução do défice, que teve o sucesso que se conhece até 2008), como pretender agora contribuir para solucionar os problemas do Futuro, como se não fosse ele o maior responsável do Passado pelo estado actual do País! Os meus Filhos exigem-me que seja implacável com este tipo de patifarias.
Tudo bem - e tens inteira razão quanto a termos de fazer agora alguma coisa para que o mundo dos nossos filhos não seja uma loucura.
A minha questão é esta: porque é que começaram por peguilhar com o preço de venda, e depois com os lucros imorais, até finalmente chegarem à conclusão que apresentas agora, que o problema é a definição do preço de compra?
Deviam ter feito melhor o trabalho de casa, só isso.
Eu gostava de ouvir o contraditório: porque é que o Oliveira e Costa vendeu àquele preço.
No meu caso, quando comprei a 100, já as acções valiam 300 ou 400. Mas no meu caso foi um processo perfeitamente limpo.
O problema não está nos 140% ganhos num espaço de tempo curto, as pessoas que ganham na lotaria até têm compensações maiores num espaço de tempo mais curto, mas na convicção geral de que os valores de compra e de venda foram definidos de forma arbitrária (e lesiva para o banco) pelo amigo do Cavaco Silva, conjugado com o enorme buraco que o banco agora apresenta. Se o banco estivesse a ir de vento em popa as pessoas teriam razões para acreditar que as avaliações dos valores das acções pela administração do banco teriam sido bem feitas.
jj.amarante,
eu não ponho em causa que pode ter havido tramóia - embora já esta formulação me incomode: "pode ter havido tramóia". (Afinal de que é que o acusam concretamente? O que é houve de ilícito no processo? Aquele tipo de negócio era uma prática normal e aceitável - segundo que critérios? - do Banco, ou foi só para ele?)
O que me incomoda é que não tenha havido desde o início uma acusação clara. À medida que os esclarecimentos iam sendo dados (por exemplo: pelos vistos os 2,4 era o preço normal de venda à época da transacção), muda-se o foco da acusação.
É só disso que não estou a gostar nada.
Bem, não é só disso. O que me incomoda ainda mais é esta sensação de um país que funciona sobre areias movediças.
Helena, tu tens razão na tua perplexidade, mas isso só prova que a estratégia de sufoco está a dar frutos: tudo o que se discute hoje foi conhecido já há DOIS ANOS e através não só de "blogues", mas de um jornal como o "Expresso"!
Por que é que isto não foi de imediato escrutinado pela generalidade da Imprensa e da opinião pública é que é lamentável e sintomático da fragilidade do funcionamento dos garantes da Democracia neste País. Mas sempre vale mais tarde do que nunca. Lê o Miguel Sousa Tavares, que escreveu um Artigo de antologia sobre tudo isto. Se não encontrares, eu envio-to por "e-mail"...
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