A mim dava-me jeito que a Alemanha parasse de marcar golos, porque é assim: a minha família foi ver o jogo para uma esplanada, e eu fiquei em casa a preparar o farnel para o concerto da Filarmónica na Waldbühne, que começa daqui a bocadinho. Meti a velocidade de cruzeiro, e cá estou de volta dos muffins de groselha, das pataniscas de bacalhau, da salada de feijão branco, dos folhados de queijo, das sandes de salmão fumado, e do caraças, e a cada cinco minutos mais ou menos toca o telefone e é o Joachim a dizer que a Alemanha marcou um golo. Já lhe disse que também temos vizinhos com vuvuzelas, mas ele parece que não confia.
Portanto, aqui fica o meu apelo pungente: parem com os golos! deixem-me trabalhar!
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Adenda: no youtube há algumas passagens do concerto da Filarmónica de ontem, com Renée Fleming. Geralmente esses vídeos são apagados, por isso não ponho qualquer link. Os interessados podem procurar por "philharmonie waldbühne 2010".
8 comentários:
Ainda vi um pedacinho em directo, o Rachmaninov, e pareceu-me por um instante que as câmaras focavam um prato com pataniscas. Depois fui para a Caixa Geral de Depósitos ver a Matos, que esteve estupenda. A Fleming portou-se bem?
:-)
Nós estávamos na secção dos bancos de madeira, lá não chegava nenhuma câmara. Essa patanisca que viste se calhar era do embaixador de Portugal...
À nossa frente estava um japonês que nos deu um saco de desporto com publicidade dos "samurai blue"
O Joachim e o Matthias tiraram do saco o equipamento de fan que tinham trazido da esplanada (t-shirt da selecção, bandeiras, o tal chapéu, etc.) e ele fez uma fotografia dos dois assim equipados mas a exibir o saco dos samurai do futebol.
Demos-lhe um copo de Riesling fresco, e uma patanisca. Dissemos que era tempura.
Os japoneses são de uma extrema educação: ele disse que a tempura estava muito boa!
;-)
Tive pena que não pudesses estar aqui ontem.
A Fleming também esteve estupenda. É de uma versatilidade incrível.
E mudou três vezes de vestido, esteve mesmo muito bem. ;-)
Mas aquele concerto é outra coisa quando é o Simon Rattle a dirigir.
Disseste 3 (três) vezes? Ena! A Matos só mudou duas, porque não se pode cantar canções populares espanholas com as mesmas cores com que se canta Berlioz, nem vice-versa. O Rachmaninov que eu vi tinha Rattle. O resto não? Não me pus bem em cima do programa.
Há uns dias escreveste um roteiro de restaurantes em Berlim. Lembro-me que, em '89, havia um português chamado "Lusíadas" no Ku'Damm. Ainda existirá? Mera curiosidade, porque fomos lá jantar uma vez, quando já estávamos cansados de Eisbeins e Kasslers e tínhamos saudades de tempura.
E então a Matos apareceu para o "bis! encore! clap clap clap" com o mesmo vestidinho que tinha posto durante o intervalo?
tsss tsss, que falta de nível!
;-)
O maestro foi sempre o Ion Marin. Não dança com a graça do Rattle, e ainda por cima tem a mania de se virar de tal modo para os violinos que mostra as costas aos violoncelos. Se eu fosse aquele naipe, fazia greve. Só tocava quando ele estivesse a olhar para mim.
Quando se dirigiu ao público, foi muito divertido. Começou com "4-1, 4-1, teste dos microfones..."
E acabei de me dar conta que perdi uma parte engraçada do concerto: no final, quando - imagino eu - estavam a tocar o tradicional Berliner Luft, em vez de trompetas tocaram vuvuzelas com as cores da bandeira alemã.
Mas por essa altura - oh, tragicamente - nós já íamos a caminho da S-Bahn, para sermos os primeiros de 20.000 a arranjar lugar. Os miúdos estavam connosco, e já era tarde.
Paciência - daqui a 4 anos há mais.
http://newsticker.sueddeutsche.de/list/id/1006986
Paulo,
descobri que há alguns vídeos no youtube.
Vai depressa ver este, antes que o apaguem:
http://www.youtube.com/watch?v=5iZWm0ZubxQ
e mais este - já com o terceiro vestido.
http://www.youtube.com/watch?v=P8lrCaJgl2E&feature=related
O público aplaudiu todo contente por ter reconhecido a ária...
No princípio vais ouvir crianças aos gritos. Só cá entre nós: é incrível que levem para um espaço com aquela acústica crianças que não são capazes de ficar caladas.
Até um bebé pequenino levaram, que às tantas desatou a berrar e não havia maneira de se calar.
Já vi na Filarmonia um solista abandonar o palco por causa do barulho que as crianças faziam. Era preciso isso acontecer mais algumas vezes, num instante o público aprendia.
Olha vê lá tu! Pensei que li que o Mezzo estava a transmitir em directo da Waldbühne. Devo ter treslido.
Obrigado pelo link. Através dele cheguei aos três vestidos. A Canção à Lua foi composta para ela, não achas? Ouvi-a na Gulbenkian há uns anos e esse foi o momento alto da noite. Penso que em Lisboa, que não é tão chique como Berlim, ela só mudou uma vez, embora não o possa garantir.
Já tinha chegado a este vestido, ahahah.
Continuando no aqui para nós, também me perturba a movimentação de povo durante o concerto. Deviam estar todos muito quietinhos para deixarem os outros ouvir a música.
O Artur Pizarro já saiu da sala mais que uma vez, vi eu. Abençoado.
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