21 agosto 2009
apontamentos de viagem: as muitas aventuras de voar
Na foto: Berlim, a caminho do aeroporto, cinco da manhã.
Crianças com trela nos aeroportos.
Quando pensava que já tinha visto tudo, vejo nos aeroportos crianças (uma delas era um bebé que mal conseguia andar) presas por uma trela a um dos pais.
Nos aviões americanos, saboreio a futilidade dos catálogos oferecidos na bolsa da cadeira, cheios de produtos que não servem para nada. Uma diversão e muitas surpresas: não há limites para a criatividade do mercado.
Desta vez, o que me surpreendeu realmente foi a amoralidade de alguns produtos. O aparelho que emite automaticamente sons insuportáveis para ouvidos caninos sempre que o cão do vizinho começar a ladrar. Ou o GPS que responde às perguntas "is your teen speeding? what are your workers doing? where is your beloved one?" (gostei especialmente de chamar "beloved one" a quem se quer controlar).
Este primeiro contacto com os EUA 2009 foi desagradável, mas rapidamente melhoraria.
A comida da KLM está muito boa. A da Air France também - e vem com champanhe, o que deu muito jeito sempre que o avião entrava em zona de turbulência sobre o Atlântico...
Nos voos nacionais americanos, mesmo nos de costa a costa, o serviço de refeições não é incluído no preço do bilhete. Geralmente é um conjunto mal-amanhado e caríssimo de snacks - mais vale levar um farnelzinho. Vale tudo, excepto ter vergonha: já entrei num avião americano com uma caixa de pizza.
Inovação recente nos voos nacionais: taxa extra para cada mala (excepto a bagagem de mão) e grandes multas para malas demasiado grandes ou pesadas. Parece que querem mesmo reduzir os custos de combustível. Apanhámos um susto - nós, com as nossas tantas malas cheias de equipamento de campismo e roupa para 4 semanas em cenários diversos (caminhadas no deserto, pesca em Oregon, o frio de San Francisco e o calor de Washington DC)! - mas tudo se resolveu: dissemos que estavamos "on an international trip", frase mágica.
Frase mágica, aprendiz de feiticeiro... Na viagem de Portland para Washington DC apliquei a fórmula para poupar 45 dólares, correu tudo bem, e larguei a bagagem toda satisfeita por o truque ter resultado mais uma vez. A caminho da sala de embarque, tive um pressentimento. Corri para as malas, ainda na banda para o controle de segurança, e verifiquei a etiqueta: nós íamos para Washington, mas elas iam para Berlim. On an international trip, claro.
Os miúdos encheram-se de admiração: "como é que te lembraste disso?"
Hehehe, conseguir impressionar adolescentes é obra.
E: hehehe, safei-nos de boa. É que, para evitar as multas das malas grandes e do excesso de peso, fazíamos as viagens de avião com a nossa roupa mais pesada (um dia que me queiram anular o passaporte português, lembrem-se desta atenuante). Nem quero imaginar o que seria passear com as botas de montanhismo, durante uma semana, numa Washington de calor sufocante...
***
Funcionário no check-in: "Vêm da Alemanha?"
Eu: "Sim."
Ele: "Gosto muito da Alemanha, mas odeio o vosso sistema de medidas."
Eu: "Porquê?"
Ele: "Os metros são muito curtos e os litros são muito grandes."
Eu, com um grande sorriso: "Pois. Sabe, o país é pequeno, mas a cerveja é muito boa!"
Os miúdos, um pouco mais tarde: "Ó mãe, estavas a flirtar com o homem?!"
Eu: "Não, estava só a tentar poupar 200 dólares."
(Pronto, está bem, reconheço, nem sei como é que me deixam ser mãe. Mas pelo menos não ando com eles presos a trelas.)
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