(post publicado no Eleições 2009)
Este post do Luís Novaes Tito devia ter sido escrito em holandês.Infelizmente, pelos vistos, ninguém os avisou, e o resultado está à vista: a Holanda colocou no Parlamento Europeu quatro deputados de um partido que pretende expulsar da União a Bulgária e a Roménia, proibir a imigração de muçulmanos, fechar definitivamente as portas à Turquia e reembolsar as contribuições que tem pago à Europa; um partido que não recua perante a possibilidade de capitalizar a xenofobia e a islamofobia em proveito próprio.
Se isto é a Europa…
(aliás: neste retrato, alguém reconhece os holandeses?!)
O Spiegel online fala numa participação de 36,6%. O Público diz que a abstenção andou pelos 40%. Cada vez percebo menos de matemática, mas adiante: ambos informam que a participação dos eleitores foi muito baixa, e que os relativamente poucos holandeses que foram votar deram uma grande vitória a um partido populista de extrema-direita.É isto que interessa discutir: embora todos possam apresentar muitos bons motivos e melhores desculpas ainda para não votar, a falta de participação nestas eleições dará uma força excessiva (e enviesada da realidade) a tendências políticas que acabarão por destruir o que há de melhor nesta nossa Europa.
O aviso dado pela Holanda é muito sério.
Esperemos que sirva para todos os europeístas inertes, aqueles que acham que a UE tem avançado muito bem sem eles e não precisa do voto deles para continuar a avançar, os indiferentes que pensam que as coisas continuarão iguais quer votem quer não, e que isto é uma coisa “lá deles, os de Bruxelas e de Estrasburgo”.
Sirva também para os que pensam que os políticos são todos iguais - não são, alguns são mesmo assustadoramente piores!
Sirva, finalmente, para os que confundem estas eleições com um ajuste de contas com o(s) partido(s) do Governo, com a crise económica e, já agora, com o Weltschmerz.
O exemplo holandês mostra que o que está em risco é o projecto da Europa e que, se não formos votar, as coisas não vão ficar como estão - vão piorar dramaticamente.
No domingo decide-se se a União Europeia vai entrar num processo acentuado de deriva democrática, ou se pelo menos se mantém como está. Quem ficar em casa, está a dar mais poder aos extremistas que irão - ah, esses sem dúvida! - votar.
Sim, eu sei que muitas pessoas dizem que a Europa já está em deriva democrática e que, aliás, sempre esteve.
Mas: se a Europa precisa de mais Democracia, a resposta não pode ser menos Democracia. Não é permitindo, por inércia eleitoral, que o Parlamento Europeu seja infiltrado por anti-europeístas e anti-democratas (deputados que nem sequer respeitam os direitos humanos mais básicos, como o da liberdade religiosa!), que o problema se resolve e o projecto europeu se aperfeiçoa.
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