E mais uma tradução, publicada também lá no outro sítio:
Tradução de um comentário publicado hoje no Tagesspiegel, um diário berlinense (aqui, em alemão):
Domingo é dia de eleições
Demasiado preguiçosos para o futuro?
Naturalmente, nem todos os que no Domingo não votarem são opositores da Europa. Muitas pessoas não entendem, simplesmente, o sentido e o objectivo das eleições europeias. Há boas razões para haver um Parlamento Europeu. Mas, quanto mais jovens os eleitores são, mais frequentemente ripostam: “sim, e depois?”
6.6.2009
por Albrecht Meier
Não, nesta campanha eleitoral não se viu um “professor de Heidelberg”. Ninguém confundiu líquido com bruto. Alguém criou um slogan que ficou na memória de toda a gente? Algo como “yes, we can” ou “nós somos capazes”? Infelizmente, é verdade: tudo o que torna uma campanha eleitoral empolgante e engraçada, um tema de conversa, que no fim talvez desemboque numa visão arrebatadora - tudo isso faltou nesta campanha eleitoral europeia.
No caso concreto da Alemanha, foi oferecida aos eleitores uma campanha de segunda classe. O que não é novo neste tipo de eleições - afinal de contas, é normal na Europa: na consciência das pessoas, a UE é algo que reside entre a proibição do uso de lâmpadas incandescentes, o entendimento entre os povos e a concorrência do mercado comum livre. Tudo isto, e muito mais, faz da União Europeia algo difícil de combinar com a luta político-partidária de que vivem as campanhas eleitorais. No entanto, esta campanha pálida também é um sintoma de crise - expressão da incapacidade dos partidos para entusiasmarem eleitores jovens com a ideia da Europa.
Naturalmente, nem todos os que no Domingo não votarem são opositores da Europa. Inquéritos revelam que a União Europeia, na sua generalidade, não tem qualquer problema de aceitação. Mas muitas pessoas não entendem, pura e simplesmente, o sentido e o objectivo das eleições europeias. Que a Comissão Europeia em Bruxelas (”os burocratas”) precisa de ser controlada; que os quadros nacionais são demasiado estreitos para lutar contra problemas globais, tais como a alteração climática; que esta cooperação entre representantes de 27 países tem algo de prodigioso e é um facto invejado no resto do mundo - tudo isto são bons motivos para a existência do Parlamento Europeu. Mas, quanto mais jovens os eleitores são, mais frequentemente ripostam: “sim, e depois?”
A acreditar nos estudos de opinião, o interesse pelas eleições europeias é também uma questão geracional. Para a “geração da Paz”, que contactou directamente com a Europa do pós-guerra, a participação nestas eleições é muito mais do que o mero cumprimento de um dever dos cidadãos. As pessoas desta geração que forem votar no Domingo sabem que a reconciliação da Europa está longe de ser algo natural. O mesmo se passa com a “geração do bem-estar”, que cresceu nos anos sessenta, na vaga dos baby-boomers. Em contrapartida, para a “geração Europa - sim, e depois?” as vantagens da União Europeia, tais como viajar sem controlo do passaporte, não passam de algo absolutamente normal. Aparentemente, há uma enorme dificuldade em fazer passar para esta geração a mensagem de que a Comissão em Bruxelas e os chefes de Estado e de Governo não podem responder sozinhos às questões sobre se e como é que a União Europeia deve crescer e consolidar-se.
Com certeza que o Parlamento Europeu também tem uma parte da responsabilidade. O Parlamento em Estrasburgo, que nestas eleições tem 736 lugares para distribuir, deve ser reduzido. E, no futuro, tem de se concentrar ainda mais nos temas para os quais tem realmente um mandato. Se o Parlamento passasse a emitir menos resoluções de política externa, que de qualquer modo ninguém lê, já teríamos uma evolução positiva.
Contudo, o sucesso nesta tarefa de orientar realmente as actividades de Bruxelas não depende apenas dos deputados europeus. Precisam do apoio dos partidos. E da cobertura do eleitorado.
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