07 junho 2009

les uns et les autres

Em comentário ao post "Proposta para acabar com a abstenção" no Eleições 2009, Tiago Azevedo Fernandes lembra que já sugeriu algo semelhante num artigo no Jornal de Notícias.

Transcrevo para aqui a minha resposta, para esclarecer alguns aspectos fundamentais:

Tiago,
parece-me que não estamos a sugerir exactamente a mesma coisa.
A sua proposta castiga os políticos (”eles”, que perdem alguns tachos); a minha, castiga o país (”nós”, que perdemos representantes no PE).
O Tiago traça um quadro em que os políticos têm de seduzir o povo: “aposto que com esta nova regra os próximos tratados seriam milagrosamente fáceis de entender, as leis mais bem preparadas, a prestação de contas bem cuidada.”
Tudo isso é importante, mas não basta.
Não basta que os políticos trabalhem com seriedade. É fundamental que o povo exija muito mais de si próprio, e não apenas dos políticos. Que analise e debata com seriedade, que não se deixe manipular por demagogias, que castigue o jornalismo de sarjeta.
Uma maneira de avançar nesta direcção é meter realmente todos no mesmo barco: se os políticos e o povo não “funcionarem” correctamente, o país perde lugares no PE; no caso das legislativas, faça-se o mesmo por distritos - não são apenas os deputados que perdem “tachos”, mas um distrito concreto que perde representantes.

Dois apontamentos ainda:

- o voto em branco e a abstenção são um excelente convite à “mão de Deus” para discretamente pôr uma cruzinha num partido qualquer durante a contagem dos votos. Que eu não acredito em bruxas, pois claro que não, mas…
(já contei a história daquela pessoa que foi votar mesmo antes do encerramento da mesa, e não pôde, porque nesse dia já tinha votado?)

- poderia evitar-se essa ilegalidade criando um partido chamado “nenhum me serve”, que serviria para eleger as cadeiras vazias no plenário. Está a imaginar a cena? Dezenas de cadeiras vazias, e as dos partidos radicais e populistas todas ocupadas.

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