Já começaram as mensagens pirosas.
Se hoje estivesse em Weimar, receberia de alguém uma rosa anónima.
Odeio essas rosas que dão no dia 8 de Março.
Às tantas foram plantadas, tratadas, e colhidas por outras mulheres cheias de doenças de pele e respiratórias, que é o que dá trabalhar na produção industrial de flores baratas.
...Já se notou que agora faço biscates numa loja que vende produtos biológicos e a preço justo?
Pois é: uma loja onde se vende boa consciência. Compre aqui, que está a proteger o meio-ambiente e a sua saúde, e a permitir que famílias em África, na América Latina, nas Filipinas, na Índia e etc. recebam um pagamento justo pelo seu trabalho e consigam enviar os seus filhos à escola para terem um futuro melhor.
O mais engraçado é o design do artesanato: numa aldeia qualquer nos confins da África os artesãos metem na cabeça que os europeus gostam de um determinado tipo de produto ou desenho, e desatam a produzir isso em quantidades descomunais. E os europeus de boa vontade compram coisas de que pouco gostam para ajudar os artesãos da tal aldeia.
Até parece aquele casal que passou 50 anos a comer sopa de feijão, porque cada um achava que era esse o desejo do outro.
(A minha sopa de feijão é a pedra sabão: já não posso ver mais objectos em pedra sabão. Corações em pedra sabão para o São Valentim, ovos de Páscoa em pedra sabão, presépios em pedra sabão, castiçais em pedra sabão, esculturas em pedra sabão, suportes de livros em pedra sabão, tudo com pedra sabão e pedra sabão com tudo... )
Mas pior ainda que a pedra sabão são as pirosadas que se dizem a propósito do dia internacional da mulher.
Amanhã vai ser outro dia.
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