08 março 2009

o momento mais embaraçoso do dia...

Domingo de manhã na Filarmonia, para assistir a um concerto da Waseda Shymphony Orchester, uma orquestra japonesa de estudantes com um surpreendente grau de profissionalismo.
Já a conheço de outras digressões, e estava especialmente curiosa para ouvir a peça para orquestra e tambores tradicionais.
Outras famílias terão pensado que tambores é algo adequado para crianças, e que onze da manhã é um óptimo horário, porque até os seus bebés levaram para o concerto.

Nunca pensei que assistiria a estas cenas na Filarmonia de Berlim:

1. O solista de violoncelo volta ao palco depois da execução da peça de Saint-Saens para violoncelo e orquestra, e oferece um número extra-programa. Lindo. Variações sobre um tema, com pequenas pausas entre as frases. Numa dessas pausas, uma criança solta um longo suspiro que se ouve na sala toda, e várias pessoas riem-se. O jovem músico levanta-se, agarra no violoncelo e sai da sala.

2. O maestro prepara-se para iniciar a peça japonesa, quando um bebé começa a palrar. Ele faz sinal aos músicos para não começarem, e vira-se para o sítio de onde vem o som. A mãe acalma o bebé.
O maestro volta-se para os músicos, levanta os braços e... o bebé recomeça a palrar. O maestro interrompe o gesto, e fica a olhar fixamente para a mãe, até ela perceber o que se espera dela, se levantar e abandonar a sala com o bebé.
O maestro volta-se de novo para os músicos, levanta os braços e... toca um telemóvel do outro lado da sala.

Foi nesse momento que temi que o concerto acabasse ali mesmo.

Não acabou. Só passou num instante. Mono-Prism, de Maki Ishii.
Vinte e cinco minutos de encanto.
Quase deu para esquecer o embaraço que me causou aquele público descuidado.

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