04 abril 2008

histórias de telemóveis na escola

O telefone da Christina tocou numa aula. A professora disse "primeiro aviso", e continuou a dar a matéria.
À segunda vez o telemóvel é apreendido.

O problema, explicou a professora numa reunião de pais, é que dá muito trabalho confiscar o telemóvel à primeira vez. Foi o que começaram por fazer: o telemóvel ia para a directora, e esta chamava os pais. Às tantas, apercebeu-se que não fazia mais nada senão conversas sobre telemóveis. Por isso, começaram a dar uma segunda oportunidade.
No entanto, é proibido (parece que é outra vez por culpa da Constituição Alemã...) revistar os bolsos ou os sacos dos alunos. Se o telefone tocar dentro de um saco, o professor não tem como confiscar o telefone. A professora explicou-nos - como se nós não soubéssemos... - que é impossível trabalhar com telemóveis a tocar e a apitar sms, e passou a bola para o lado dos pais. Que sabem perfeitamente que ter os filhos naquela escola é um prémio que tem de ser reconquistado no dia-a-dia.

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O telemóvel da Christina tocou numa aula. Metade da turma fingiu imediatamente um ataque de tosse.

(OK, OK, já percebi, não precisam de dizer mais nada: o telemóvel da Christina tem de ficar em casa, porque está visto que ela não se lembra sempre de o desligar quando chega à escola)

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Na reunião de pais da turma do Matthias, para tomar algumas decisões sobre a semana do passeio de turma, combinámos que nenhum aluno levaria para essa semana nem telemóvel nem gameboy. Eles precisam de brincar e falar uns com os outros, aprender a interagir, em vez de se isolarem, entregues aos joguinhos electrónicos.
Mas combinamos que podem levar máquina fotográfica.
E aí um pai perguntou: e se a máquina fotográfica está no telemóvel?...

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Com telemóveis posso eu.
Quando, em Setembro, andei por Berlim à procura de escolas para os miúdos, estive numa onde me deram um regulamento interno com regras assim:
- na escola fala-se alemão
- os alunos têm de chegar pontualmente à sala
- os alunos devem trazer de casa um pequeno-almoço saudável
- é proibido trazer qualquer tipo de armas para a escola
E aí pensei: não queria ser professora de alunos a quem é preciso ensinar coisas tão básicas.

Ah, mas atenção: não há rapazes maus. Dei-me conta disso no dia em que descobri que o Matthias ia sair para a escola com a sua navalha de talhar madeira, e me explicou que era para se defender de uns rapazes no recreio. O nosso Matthias, o aluno querido de todos os professores, aos seis anos, numa fantástica escola Jenaplan.

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