10 fevereiro 2008

segundo dia

Sábado, fim da tarde

Fui com a Christina dar uma volta pela Potsdamer Platz, em busca de estrelas.

A minha sorte é ela estar comigo, porque os reconhece todos.
"Olha, vai ali o Bruno Ganz!" - e eu a pensar que era um sem-abrigo, com a cabeça enfiada naquele gorro tricotado à mão...
Por outro lado, pensando bem, não é todos os dias que deixam entrar um sem-abrigo no Ritz-Carlton, mas uma pessoa não tem tempo de pensar em todos os detalhes.
"Olha, sabes quem é aquela?" - claro que eu não sabia - "é a rainha das Crónicas de Narnia!". Viera para a estreia do filme Julie. Estava com um vestido mais-ou-menos, uns sapatos piores, e um penteado a condizer, mas foi de longe a mais simpática. De longe. Nem sei como se chama, mas até agora é a minha preferida.

Quando vimos os paparazzi a abandonar o posto de vigia junto ao tapete vermelho, resolvemos ir embora também. Muito boa ideia porque, ao virar as costas ao tapete, pudemos ver a cara de encantamento dos outros mirones. Uma espécie de alegria calma enchia a praceta.
Veremos como vai ser amanhã, quando aparecer a Penélope Cruz, ou na próxima sexta, quando for a vez da Scarlet Johansson.

***

Abençoada nova lei do tabaco, que obriga o pessoal a sair dos hotéis onde decorrem as recepções para vir fumar um cigarrinho à rua. Foi assim que passaram por nós dois rapazes, "também não sabes quem é este, mãe?! faz muitos filmes para crianças!", e lá fomos nós pacatamente ter com eles, para a Christina pedir o autógrafo.

***

Aqui, a primeira regra é: se queres encontrar uma estrela, vê para onde aponta o paparazzo.
A segunda, que aprendi hoje, é: se queres encontrar a estrela onde não há ajuntamentos, vê onde anda o caçador profissional de autógrafos.
Vimos um, muito ansioso, junto a uma saída lateral de um edifício. A porta abriu-se, um grupo começou a sair, e ele, rápido: "Mr. Ross, pode dar-me um autógrafo?"
Um rapaz cheio de estilo mas com ar de incomodado com tudo desde que nasceu até hoje dirigiu-se até nós, e começou a assinar as fotos que já estavam preparadas. E nós ao lado, a ver (muuuuh, muuuuh). Um dos seus amigos (ou seria o guarda-costas?) trocou connosco um sorriso simpático, como se fôssemos todos simplesmente humanos. Depois meteram-se no carro, e o caçador telefonou todo frenético a um colega a dizer onde estava. Lá veio o colega a correr, ainda fez um sprint ao lado do carro, mas este já não parou.
Perguntei-lhe quem era esse Mr. Ross, que nem a Christina sabia, e ele olhou para mim perplexo e dignou-se responder: o filho da Diana Ross.
Ah, sim, isso é que é um currículo.

***

Tem estado muito bom tempo, mas Fevereiro em Berlim é Fevereiro em Berlim.
Nunca mais olharei da mesma forma para as fotografias destas mulheres nos seus vestidos decotados e sem mangas. Estrelas?! Estóicas!

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