Hoje tenho de jogar no Totoloto. Se a sorte de ontem se repetir, os 17 milhões já cá cantam.
Ora então: ontem à tarde, um amigo escreveu-me um e-mail "Ainda nao sei se vou conseguir, mas vou tentar arranjar bilhetes para o "Musta jää" às 22:30 no Berlinale Palast ou para o "Berlinale shorts" às 22:00 no CinemaxX 3. Se quiseres telefona-me: xxxx~xxx"!
Telefonei-lhe, ele arranjou os bilhetes para a première do "Musta jää", e eu fui, a pensar que ia ser uma seca monumental, finlandeses perdidos de bêbados na paisagem, em ritmo Manoel de Oliveira, mas com neve.
Um dia destes tenho de acabar com todos os meus preconceitos, só me atrasam a vida.
O filme era muito bom: uma mulher que se inventa uma nova identidade para se aproximar da amante do marido. Com as muitas situações cómicas que este tipo de trocas permitem, paralelamente a uma densidade emocional muito rica, seriedade na evolução das personagens e, last but not least, tantas voltas e reviravoltas na condução da história que o público se sente numa montanha russa.
Se não fosse as cenas de sexo bastante explícitas (sublinhar o "bastante") seria capaz de aconselhar vivamente a passagem deste filme na televisão portuguesa. Ou nos cinemas, claro, embora me pergunte se o cinema finlandês chega às salas de cinema portuguesas.
Porque é que tenho de jogar no Totoloto?!
Porque, não sendo fácil arranjar lugares para as premières, saíram-nos logo os lugares no ponto onde convergiam os dois corredores mais importantes da sala. A actriz principal, Outi Mäenpää, entrou na sala pelo lado do palco, e avançou lentamente na nossa direcção, num belo vestido vermelho sem alças. Nem os paparazzi conseguiram chegar tão perto dela - e, para mais, nem foi preciso fazer nada: ela veio ter connosco. Hehehe.
Se nos próximos dias não aparecer por aqui, já sabem por onde ando: ou pela Potsdamer Platz, ou a conversar com um consultor financeiro para decidir do paradeiro a dar aos 17 milhões.
PS1 (parolo): incrível a quantidade de mulheres que vi a tentarem escapar aos seus decotes. O amigo com quem fui apreciou muito essas batalhas.
PS2 (também parolo): estar a assistir a um filme com o pessoal que o fez provocou-me alguns reflexos estranhos. Por exemplo, rir bastante alto para que o realizador e os actores se sintam recompensados.
Mas deve ser efeito Berlinale. Quando assisti a outras premières em San Francisco ou em Weimar isto não me acontecia.
PS3 (cínico) para os fumadores portugueses que se queixam da nova lei sobre o fumo: aqui vai uma cena do filme.
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