A propósito da notícia de que cientistas ingleses querem cruzar células humanas com células de vaca (em espanhol aqui), recomeçou na Alemanha a discussão sobre as "quimeras" (criaturas com partes de animais e partes humanas).
Pessoalmente, considero positivas as muitas reacções que são instintivamente contra - de tanto racionalizar e relativizar, parece que estamos a perder, passe a ironia, o nosso lado animal.
Por este andar, a Antropologia que se cuide e trate de reajustar a sua matriz epistemológica à da Zoologia.
(E porque não? Afinal de contas, se compararmos o que se gasta na Europa em produtos para animais domésticos, e o montante entregue para o combate à fome, ou se virmos alguns cães e gatos tratados como se fossem o filho mais novo da família, ou se virmos certos anúncios de comida para gatos, ficamos com dúvidas sobre as diferenças entre uns e outros...)
Os gregos diziam que quando os deuses se querem rir dos homens realizam os seus desejos.
Que deus se estará a rir perdidamente, quando oferecem a mulheres inglesas que sofrem de esterilidade a possibilidade de fecundação artificial em troca da doação de alguns dos seus óvulos para esta experiência? Sim, que a extracção dos óvulos é uma operação complicada e dolorosa, e como não havia muitas mulheres dispostas a participar no avanço da ciência, foi necessário encontrar uma solução criativa.
E sai mais um cartoon: o capitalista de bata branca.
Querer fazer a experiência de maternidade/paternidade ou querer ser saudável são desejos normais.
Mas a nossa sociedade deve realmente pagar qualquer preço por isso?
Parece-me que nos alienamos cada vez mais em nome da realização dos nossos desejos.
No fim, teremos tudo - e seremos escravos.
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Olha, meu filho, vês ali aquela vaquinha de olhos azuis? É uma meia-irmã tua.
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