13 setembro 2006

contraditório

Este blog anda com um dia de atraso: o post de ontem devia ter sido no 11 de setembro, e o de hoje devia ter sido escrito ontem, quando fazia 5 anos que regressei ao escritório na baixa de San Francisco, cheia de medo de andar de metro e a desconfiar de qualquer pessoa cor-de-caramelo que carregasse sacos volumosos. Lá encontrei o Francisco, venezuelano, que viera pelo túnel de Oakland e ainda tinha mais medo que eu.
Disse-lhe a minha teoria de "o primeiro mundo tem de acabar definitivamente com este comportamento predatório e hipócrita" e ele riu-se: "Era muito fácil dividir o mundo em maus (nós) e vítimas (eles), mas do lado "deles" há uma camada de poderosos e corruptos a quem o status quo dá muito jeito".
Iconoclasta. Chato.
Também não é possível falar com ele sobre a fome de justiça social na América Latina. Ele corta logo, dizendo que o pessoal não quer justiça social, quer um SUV!

Talvez tenha razão. Lembro-me de um rapaz que conheci em Vilar de Perdizes, paupérrimo, e cujo sonho era emigrar e trabalhar muito para comprar um Porsche.

E então, Francisco, que me dizes de Oaxaca?

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