24 outubro 2025

"sabe com quem está a falar?"


#Sabe_com_quem_está_a_falar? é uma pergunta que não vale a pena fazerem-me a mim. Nunca sei. Assim sem pensar muito:
- A passear por Lisboa, quase atropelei a Catarina Martins e mais uns tantos do Bloco que se cruzaram comigo no passeio apertado, e não a reconheci.
- Há tempos, o Pedro Nuno Santos estava a almoçar numa mesa ao lado da minha. Se a amiga com quem eu estava não tivesse desatado a bater com o pé na minha perna, teria pensado que era, sei lá, um contabilista lisboeta a almoçar com amigos.
- A mesma amiga que uma vez, num café em Paris, me disse "está ali a Natalie Portman (eu já estava a olhar para ela há muito, e a achar que as parisienses são giras como tudo).
- Aqui em Berlim, uma vez fui falar com o José Eduardo Agualusa convencidíssima de que era o Luiz Ruffato.
- Também já me aconteceu de estar a dançar com o Joaquim de Almeida e a pensar "conheço esta cara... será o Antonio Banderas?"
- Num restaurante na Borgonha, consegui confundir o dono, que servia às mesas, com o filho do François Miterrand, que estava a almoçar na mesa ao lado com a mãe e demais família. Só porque o Joachim me agarrou a tempo é que não disse ao filho do Miterrand, num momento em que ele provavelmente estaria a regressar da casa de banho, que a comida estava deliciosa e que bem podia dar os parabéns à cozinheira.
- O Facebook sabe, porque pus a fotografia e perguntei quem era, que já estive frente a frente com Benedict Cumberbatch sem o reconhecer.
(Espero nunca ser roubada na rua, ou pior ainda, porque se a polícia me pedir para descrever a pessoa, vou fazer uma tristíssima figura.)
- Mais recentemente, no "festival dos hambúrgueres", calhou de a delegação da Federação Portuguesa de Futebol ter vindo comer para a nossa mesa. A princípio, eram apenas uns portugueses simpáticos que ali estavam, mas o Joachim meteu conversa, "ai, com esses pins na lapela e com esse ar, devem ser pessoas importantes...", e daí a nada estava a queixar-se "ai aquele golo do Madjer em 1987 ainda me está aqui atravessado!" Um deles sorriu, e comentou "eu estava lá; por acaso nesse dia não joguei, mas estava lá". Outro, um mais velho, de bigode, começou a debitar nomes dos jogadores históricos alemães contra os quais já tinha jogado. O terceiro só sorria. Ao fim de meia hora, enchi-me de coragem e perguntei-lhes os nomes. Domingos Paciência, disse um. Maniche, disse outro. Quando me virei para o terceiro, houve um sobressalto e todos fizeram uma cara chocadíssima de "não sabe com quem está a falar?????"
Era o Toni.
Cai o pano, e eu desapareço para debaixo da cama.
Outra vez.

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