Há aí um partido que tem andado a vender a ideia de que os políticos do sistema só querem poleiro e encher-se de dinheiro à custa do povo, e promete que vai pôr fim a estes abusos.
Mais de um milhão de portugueses acreditou, e votou neles.
Curiosamente, o país assiste agora à passagem de políticos de outros partidos para este. Tendo em conta a diferença flagrante de princípios básicos de uns e do outro, a única explicação que encontro para essas transferências é a fase de franca ascensão em que este partido se encontra. Ou seja: para quem anda na política por causa do poleiro, este é o partido que dá mais hipóteses de arranjar um cargo político com excelente salário (e pouco trabalho, como ficou evidente no episódio dos hambúrgueres).
O chamado "tachinho de sonho".
Sim: há aqui uma contradição. E pergunto: será que ninguém desse partido se sente incomodado por prometerem limpar o país e simultaneamente darem bons empregos justamente aos políticos do tipo que mais criticam?
Mas nem tudo é mau. Para quem está de fora a observar o comportamento dos actores políticos, este processo tem ao menos uma vantagem: permite distinguir mais facilmente entre quem está na política para servir o país e quem está na política para se servir do país.
Separa-se o trigo do joio, e até se sabe qual é o partido onde o joio medra melhor.
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