Não sei como dizer a admiração que sinto por estas cantoras portuguesas que vi ontem na Schwartzsche Villa a oferecer um programa de Kurt Weill. Já me tinham dito que era muito bom: um passeio no tempo, desenhando com as canções de Weill figuras femininas dos anos vinte e trinta do século passado. Tal como o próprio Weill, em fuga da Alemanha nazi, as canções mudavam de língua - alemão, francês, inglês. E elas passavam entre idiomas, canções e personagens com segurança, e nervo, e graça.
Mas foi muito mais do que o passeio ao passado, mais que as histórias que contaram, mais que o à-vontade no palco e nas várias línguas: de ontem em diante, a minha "Speak low" é a da Margarida Pinheiro, acompanhada por Nanami Namura ao piano. E mais nenhuma.
E ainda estou para encontrar um refrão de "Surabaya Johnny" (mesmo da Lotte Lenya, e muito menos da Nina Hagen) com a tensão, a intensidade desesperada que a Inês Pinto lhe emprestou. (De modo que é isto: já não tenho idade para ser groupie de ninguém, mas agarrem-me, que...)
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