06 julho 2025

sabem quem é que também usou nomes para identificar os "inimigos"?



Na Alemanha nazi, muitos judeus eram facilmente reconhecíveis pelo nome. Mas nem todos, nem todos. Pelo que, em agosto de 1938, o governo de Hitler decretou que os judeus cujos nomes não fossem reconhecíveis como “tipicamente judeus” eram obrigados a acrescentar, nos documentos de identificação, um segundo nome próprio:  "Sara" para as mulheres, "Israel" para os homens.

Dessa maneira, os "inimigos" eram mais facilmente identificados por todos. 

Fique registado que esta semana, no Parlamento português, já foi lida uma lista de nomes típicos do "inimigo" - esses que, segundo o chefe da súcia, são "zero portugueses, zero portugueses, zero".

E, para que não haja dúvidas sobre os valores dessa gentalha, foram buscar os exemplos a uma lista de nomes de crianças. 


[  Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação entra em mim,
fica em mim presa.  ]

A deputada Isabel Mendes Lopes, do Livre, apelou aos direitos das crianças, e emocionou-se ao pensar no que sentirá cada menino ou menina que veja o seu nome assim citado no Parlamento português. As redes sociais da escória encheram-se de júbilo, anunciando que o seu cabecilha fora capaz de pôr uma deputada do Livre a chorar. São os autênticos portuguezes de bem.



[ A propósito, lembro dois nomes que, segundo a mesma lógica, seriam "zero alemães, zero alemães, zero":  Uğur e Özlem. Ele nasceu na Turquia, ela nasceu na Alemanha, filha de pais turcos. O pequeno Uğur era um aluno brilhante, mas os professores da sua escola primária alemã entendiam que filho de turco só pode ser "burro". Graças à intervenção de um vizinho alemão foi possível inscrever o menino na via de ensino mais exigente. Foi o aluno mais brilhante do liceu, fez carreira académica, e inventou com a sua mulher Özlem a vacina Biontech. A empresa deste casal fez com que, em 2021 o crescimento do PIB alemão tenha sido de 2,8% em vez de 2,3%. Gostava de saber quem era o professor ou a professora que quis impedir que o jovem Uğur continuasse os estudos no liceu, e se tem consciência da dimensão do seu erro, e do prejuízo que o seu preconceito podia ter causado ao Vaterland. Mas ninguém diz o nome desses "alemães de bem".  ]  


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