04 fevereiro 2025

Maria Teresa Horta

 



No ano passado, em frente ao mar, em conversa com duas amigas - daquelas amizades tão antigas que já posso dizer "de sempre" - chegámos à Maria Teresa Horta e à sua poesia de mulher inteira. "Tinha certamente uma relação muito completa", comentou uma das minhas amigas, e alguns dias depois ofereceu-me As Palavras do Corpo. Em Novembro, a Luísa Sequeira e o Alexandre Sama trouxeram a Berlim o documentário O Que Podem as Palavras. Falaram do projecto longamente interrompido depois das primeiras entrevistas preparatórias, de como durante esse compasso de espera elas foram morrendo, uma após outra. Ficou a Teresa Horta. A morte do marido deixou-a desamparadamente mais só, tristíssima - contou a Luísa Sequeira, e contou dessa ligação especial que transparecia no modo como se olhavam, nos gestos, na cor da voz.

Pode dizer-se tanta coisa sobre esta mulher que morreu hoje, mas é só isto que me ocorre: foi tocada pela plenitude do amor. E por isso pode partir em paz.


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