A receita é velha, e já provou dar resultados trágicos para aqueles a quem enganou, aqueles de quem se serviu, e as tantas centenas de milhões de pessoas que foram arrastadas nessa vertigem.
Velha, e muito simples: inventam-se perigos, inseguranças e ameaças existenciais contra "nós", identifica-se um grupo minoritário como a origem desses tais males que nos afligem, ataca-se esse grupo para ganhar eleições.
E pronto: está instalado um regime autoritarista, ou pior ainda.
Está a acontecer de novo em muitos países. E agora mesmo nos EUA de Trump: os tais inimigos ameaçadores são a agenda "woke", os estrangeiros sem documentos, o feminismo que "estraga" as mulheres.
No seu primeiro dia como 47º presidente, o arruaceiro atirou-se aos mais frágeis dos frágeis:
- pessoas que sofrem horrores por não encontrarem lugar para si nesta sociedade ("só há macho e fêmea"), - mulheres que precisam de se informar sobre planeamento familiar (a página reproductiverights.gov foi apagada), - indivíduos que querem emigrar legalmente para os EUA, para dar uma vida melhor aos seus filhos (a CBP One App, criada por Biden, que permitia fazer marcações para um processo legal de emigração, foi pura e simplesmente encerrada, anulando de uma penada todas as marcações já feitas e destruindo as esperanças de tantas pessoas honestas e trabalhadoras que só desejam uma vida melhor para os seus filhos).
E para gozar ao máximo a sua vertigem de poder, o arruaceiro sem escrúpulos nem cultura rompe com uma tradição antiquíssima e autoriza a polícia a entrar em igrejas e escolas para prender pessoas.
O mundo mudou repentina e brutalmente. Depois de 20.1.2025, o apelo que Mariann Budde lança do seu púlpito, sendo algo completamente básico no contexto dos valores cristãos, tornou-se um gesto radical de resistência e de coragem.
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