Numa carta aberta a Joe Biden - aqui -, António Marujo dá voz à decência, que tantas vezes anda alheada deste mundo.
Concordo com tudo (como não?), mas pergunto: o que impediu Biden (e, antes dele, Obama) de fazer uma política mais fiel aos valores que defende?
Pergunto (um sonho utópico): como seria o mundo se Biden soubesse que ia perder as eleições seguintes, e justamente por o saber se sentisse livre para governar segundo os seus valores e não segundo uma estratégia de assegurar a sua continuidade no poder?
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Mas depois penso no gesto radicalmente ético de Angela Merkel, quando abriu as fronteiras aos sírios que procuravam desesperadamente refúgio na Europa, e no preço altíssimo que pagou, e pagámos todos: o populismo da direita radical conseguiu finalmente o argumento de que precisava para se instalar como um cancro no coração da Democracia. Foi isso que levou ao acordo com Erdogan para reter os refugiados na Turquia.
Hoje mesmo pensei nesse episódio ao ler as reacções aos distúrbios em Amesterdão, quando muçulmanos perseguiram judeus pelas ruas, depois de estes terem incendiado bandeiras palestinianas e gritado frases de puro ódio e provocação: logo vieram comentários sobre a culpa de Angela Merkel, que deixou que "esta gente perigosa" entrasse na Europa.
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