15 março 2024

"limpar Portugal"...


Lembram-se do João Miguel Tavares no discurso do 10 de Junho a choramingar, implorando aos políticos “dêem-nos algo em que acreditar”?

“Algo em que acreditar” é mais coisa da religião, mas, pelos vistos, João Miguel Tavares encontrou finalmente para si “o caminho, a verdade e a vida” na política. Não descansa enquanto não meter o São Mentiroso-Compulsivo no governo.

Tempos houve em que João Miguel Tavares se amofinava muito contra Sócrates, chamava-lhe mentiroso-compulsivo, acusava-o de não ter carácter. Parecia o discurso de uma pessoa com sentido de decência. Afinal, não. Agora que se tornou o profeta da nova seita do ódio e do quanto-pior-melhor, é fácil imaginá-lo a desculpar-se, parafraseando o outro: “Talvez este seja um mentiroso-compulsivo, mas é o nosso mentiroso-compulsivo.”

O milhão de portugueses que deram o seu voto ao partido cujo lema – fascista até ao tutano – é “limpar Portugal” permitiram ao menos este pequeno ganho colateral: por estes dias, é muito fácil ver onde está a imundície.

E também onde se encontra verticalidade de carácter: que Luís Montenegro não esmoreça nunca, apesar de todas as pressões, em manter o seu “não é não”.


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