05 março 2024

Berlinale 2024 - dia 1


1. Yoake no subete - All the long nights, de Shô Miyake

Gostava muito de ter visto este filme, mas descobri demasiado tarde que há um raixparta de um túnel de S-Bahn que está em obras. Tive de mudar o percurso, perdi um tempo precioso, cheguei demasiado tarde. Aprendi para a vida - nunca mais perdi nenhum filme da Berlinale por causa desse maldito túnel em obras.


2. Săptămâna Mare - Holy Week, de Andrei Cohn

Roménia, finais do século XIX. Uma família judia vive à margem da aldeia, numa pequena propriedade onde tem um restaurante para quem passa. Às vezes, o marido conversa com a mulher sobre um rumor que ouviu, sobre a possibilidade de se mudarem para uma terra longínqua, nem se sabe bem onde, algures perto da Síria, onde poderiam viver em paz. Ela não acredita nisso. A partir do momento em que o pai da família começa a temer vir a ser vítima de um acto de grande violência, e a polícia da terra ignora os seus pedidos, desata a tomar decisões erradas.

Um filme escorreito, de ritmo um pouco lento, que não é necessariamente um daqueles filmes imperdíveis. Mas há algo importante que me ficou dele: lembrar (nunca esquecer!) a vulnerabilidade e a impotência perante uma hostilidade generalizada, que eram elementos determinantes na vida qutodiana dos judeus europeus. E perceber o poder apelativo do sonho de ir viver numa terra livres de humilhações e violências.


3. Small Things Like These, de Tim Mielants

Uma pequena cidade na Irlanda consegue assobiar pacatamente para o lado perante as atrocidades praticadas num lar de freiras que acolhe mulheres jovens "perdidas" - uma das "Magdalene Laundries" irlandesas onde tantas mulheres sofreram horrores. Todos, menos um pai de família, que vê e se debate com a decisão entre arriscar o futuro das suas próprias filhas e tomar uma posição de frontalidade e de respeito pela sua própria consciência.

Emily Watson extraordinária no papel de directora do lar. Cillian Murphy às vezes um bocado cansativo naquelas cenas de penumbra em contraluz onde o seu conflito interior se manifesta num perfil de boca entreaberta, a respirar com custo. Às escuras, até eu sou boa actriz...


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